20 XIV CONGRESSO NACIONAL DO MILHO com a eficiência do uso da água. E lembrou que “ainda hoje temos, em Portugal, albufeiras com menos de 20%”. A isto Joaquim Poças Martins, docente na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), apontou que, apesar de a agricultura ser o maior utilizador de água, não é o maior gastador de água. “Uma pessoa come dez vezes o seu peso em água”, afirmou, acrescentando que o país precisa de ter mais reservas de água. PRODUÇÃO DE MILHO NO ÂMBITO DO NOVO PEPAC Seguiu-se um painel sobre a produção de milho no âmbito do novo PEPAC. Do debate gerado entre os vários intervenientes houve duas conclusões: por um lado, o preço base pago aos agricultores baixou muito e, por outro, os produtores de milho vão perder dinheiro. Assunção Cristas com António Serrano, Luís Capoulas Santos e Carlos Costa Neves. Entre os vários problemas detectados destaque para os custos de contexto – que não param de aumentar – e o facto, como apontou Francisco Avillez, professor emérito do Instituto Superior de Agronomia (ISA), de que, entre 2020 e 2026, vai haver uma quebra média do apoio de 46%. Já Luís Bulhão Martins, diretor da ANPROMIS e produtor demilho, lembrou que “não temos outro meio de transporte que não o ferroviário”. Face a isto não só é “essencial simplificar”, como “é fundamental a melhoria da disponibilização e operacionalização dos apoios disponibilizados pelo PEPAC”. O produtor afirmou ainda que os agricultores não queremmais dinheiro. Querem é que “seja aplicado no sítio certo”. QUAIS OS DESAFIOS PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS? A terminar o evento, quatro ex-ministros da agricultura foram convidados a revelar quais os desafios que se colocam à agricultura portuguesa nas próximas décadas. Entre os desafios enumerados destaque para a falta de rejuvenescimento dos agricultores, mas, também, à necessidade de acompanhamento, técnico e no terreno, principalmente tendo em conta amudança de paradigma tecnológico. Um “problema” apontado por Luís Capoulas Santos, que acrescentou que isto “implica investimento e acompanhamento no terreno. Carlos Costa Neves, por seu lado, iniciou a sua intervenção afirmando que “gostava que qualquer um dos membros da mesa fosse o atual ministro da Agricultura”. Mas a principalmentemensagemtransmitida pelo ex-ministro foi a de que, neste momento, sozinho um agricultor não vai muito longe. António Serrano, por seu lado, chamou a atenção para a dicotomia atual em que, por um lado, existe a necessidade de alimentar uma população mundial em crescimento e, por outro, um sentimento anti produção. Já para Assunção Cristas, o principal problema da agricultura reside na sua imagem, mais precisamente na sua má imagem. “A fama da agricultura, de que é inimiga do ambiente, é um fator que está a dificultar a atração de jovens”, afirmou. n
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