BA11 - Agriterra

INVESTIGAÇÃO 24 Nano/microcápsulas de vários outros polímeros naturais e/ou biocompatíveis (alguns aprovados para uso farmacêutico)27,28 têm sido exploradas. Um dos biopolímerosmais usados para este fim é o quitosano, obtido pelo processo de desacetilação da quitina, umpolissacárido existente nas cascas de crustáceos (como camarão, lagosta e caranguejo). Microcápsulas dequitosano revelaram-se adequadas como veículos para o óleo essencial de limão29, de orégão30, de cardamomo31 epara extratos de arruda32. Nanocápsulas à base de lípidos (como os lipossomas usados nas indústrias farmacêutica e cosmética) têm sido amplamente utilizados como veículos de transporte e entrega de agentes bioativos.33,34 Os lipossomas são constituídos por fosfolípidos, podendo conter outros componentes, como o colesterol. Misturas naturais de fosfolípidos, tais como a lecitina de soja ou da gema de ovo, oferecem vantagens de baixo custo e total biocompatibilidade, sendo uma rota promissora para a aplicação segura de pesticidas. Algumas formulações já permitiram obter resultados muito positivos de atividade inseticida, como lipossomas preparados com ingredientes naturais (desenvolvidos no Centro de Física), contendo um promissor derivado de eugenol35. O composto encapsulado foi testado em células de insetos Sf9 (Spodoptera frugiperda) , e concluiu-se quenão sómantéma sua atividade inseticida, como se reveloumenos tóxicopara as células da pele do que os inseticidas convencionais35. Este resultado é importante pois as vias usuais de intoxicação por inseticidas são a pele, os pulmões e o trato gastrointestinal, pretendendo-se que esta formulação possa vir a ser aplicada na agricultura. PERSPETIVAS PARA UTILIZAÇÃO PRÁTICA Atualmente, é possível desenvolver soluções tecnológicas de REFERÊNCIAS 1. R.P. Singh et al., J. Agric. Food Chem. 2002, 50, 81–86. 2. B. Singh et al., Food Chem. 2018, 261, 75–86. 3. I.-S. Yoon et al., Int. J. Mol. Med. 2017, 39, 1613–1620. 4. S.M. Navabi et al., Pharmacologyonline 2009, 1, 81–88. 5. L. Wang et al., J. Nat. Prod. 2008, 71, 35-40. 6. T. Ismail et al., J. Etnopharmacol. 2012, 143, 397–405. 7. https://pfaf.org/user/Plant.aspx?LatinName=Tagetes+patula 8. M. Pardo-Muras et al., PLoS ONE 2018, 13, e0205997. 9. J.A. Fabrick et al., PLoS ONE 2020, 15, e0233511. 10. https://pfaf.org/user/plant.aspx?LatinName=Ginkgo+biloba 11. J.N. Seiber et al., J. Agric. Food Chem. 2014, 62, 11613. 12. R. Pavela et al., Acta Trop. 2019, 193, 236–271. 13. S. Walia et al., Phytochem. Rev. 2017, 16, 989–1007. 14. A.T.H. Mossa et al., Int. J. Environ. Sci. Technol. 2016, 9, 354–378. 15. O. Koul et al., Biopestic. Int. 2008, 4, 63–84. 16. L. Wang et al., J. Agric. Food Chem. 2017, 65, 2990–2998. 17. J. Ju et al., LWT Food Sci. Technol. 2020, 123, 109128. 18. G.M.W. Lengai et al., Sci. Afr. 2020, 7, e00239. 19. M.J. Fernandes et al., Int. J. Mol. Sci. 2020, 21, 9257. 20. C.M. Natal et al., RSC Adv. 2021, 11, 34024. 21. C.M.M. Coelho et al., New J. Chem. 2022, 46, 14375. 22. M. Nuruzzaman et al., J. Agric. Food Chem. 2016, 64, 1447–1483. 23. E. Pinho et al., Carbohydr. Polym. 2014, 101, 121–135. 24. U. Bulbake et al., Pharmaceutics 2017, 9, 12. 25. P. Sutaphanit et al., Food Chem. 2014, 150, 313–320. 26. S.M. Hosseini et al., Int. J. Biol. Macromol. 2003, 62, 582–588. 27. Z. Xiao et al., Food Sci. Technol. 2017, 37, 613–619. 28. A. Iannitelli et al., Int. J. Mol. Sci. 2011, 12, 5039–5051. 29. F.V. Leimann et al., Mater. Sci. Eng. C 2009, 29, 430–436. 30. S.F. Hosseini et al., Carbohydr. Polym. 2013, 95, 50–56. 31. B. Jamil et al., Front. Microbiol. 2016, 7, 1580. 32. A.I.F. Lopes et al., Molecules 2020, 25, 5855. 33. S. Varona et al., Ind. Eng. Chem. Res. 2011, 50, 2088–2097. 34. C.C. Liolios et al. Food Chem. 2009, 112, 77–83. 35. M.J.G. Fernandes et al., Nanomaterials 2022, 12, 3583. nanoencapsulamento ainda mais inovadoras, tais como formulações que apenas libertam o agente ativo acima de uma determinada temperatura ambiente (por exemplo, apenas no verão), usando lipossomas com componentes sensíveis à temperatura, chamados lipossomas termossensíveis. Também é possível projetar nanocápsulas sensíveis ao pH do solo, que só libertem os inseticidas em solos mais ácidos (com pH baixo), ou em solos neutros e alcalinos (com pH próximo de 7 ou superior). Anível prático, estes compostos nanoencapsulados poderão ser colocados numa solução líquida, possibilitando a pulverização dos solos ou das plantas, quando utilizados na agricultura. Atendendo à componente natural destes compostos, não deverá ocorrer bioacumulação e, potencialmente, haverá um menor índice de poluição a nível do ar, da água e do solo. Este facto vai de encontro às crescentes exigências ambientais, de produtores, consumidores e regulamentares, fundamentais nodesenvolvimento de novas soluções para o controlo de pragas das culturas. n

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