BA12 - Agriterra

EVENTO 82 à procura”, alertou. Assim, se a oferta está a aumentar, a qualidade passa a ser essencial. “Sem qualidade não se pode vender no mercado.” SERÁ O ABACATE UMA EXCELENTE ALTERNATIVA? Face a todas estas condicionantes, será que o abacate ainda é uma excelente alternativa? Enrique Colliles não tem tanta certeza. “Para investir agora no abacate é necessário analisar e perceber se a região é produtiva, já que nem todas as zonas são boas. O mercado começa a estar sobre abastecido, mas temos o clima a nosso favor. Só com uma boa qualidade é que vamos conseguir a fidelização dos consumidores.” Sobre as particularidades do cultivo do abacate e a sua viabilidade no Algarve, Amílcar Duarte, professor adjunto da Universidade do Algarve, começou por contar um pouco da história de um fruto que “só a partir de meados do século XX é que suscitou interesse que justificasse a plantação de pomares de abacateiros. Um dos três primeiros pomares com rega localizada foi plantado entre 1973 e 1975. Passarammais de 40 anos até a cultura se expandir”, recordou, e “em 2021 ocupava 2230 ha, 4,4% das culturas permanentes no Algarve. Ou seja, não podemos falar de uma invasão de abacateiros no Algarve, até porque não há condições para isso”. Quanto à produção de abacate, segundo o professor “podemos plantar abacateiros em diferentes zonas do país, mas têm de ter microclimas e a probabilidade de geada deve ser baixa, já que é um fruto sensível à geada, bem como ao encharcamento”. RISCO DE MATAR A GALINHA DOS OVOS DE OURO No que diz respeito às doenças, Amílcar Duarte notou que, apesar de ser uma cultura “compoucas pragas e doenças introduzidas emPortugal, existe o risco de introdução dessas doenças pelo perigo da movimentação de material vegetal. A facilidade com que vamos ao continente americano e trazer uma variedade de lá faz com que possamos estar a trazer a desgraça do setor, pelas doenças e pragas”. É por isso que o professor sublinhou ser fundamental “não trazer plantas de outros países, sobretudo do continente americano, mas caso aconteça devem ser de plantações certificadas, compassaporte fitossanitário. Tenham isto em atenção senão podemos estar a matar a galinha dos ovos de ouro”. Em termos de rega, e tendo em conta as exigências hídricas face a outras culturas que gastammais água, como o milho, Amílcar Duarte indicou que “para os pomares da região do Algarve comsistemas de rega gota-a-gota, com um compasso de referência de 5,5m x 6m, podemos estimar as seguintes dotações de rega mensais (m3/ha): 920m3/ha – 101 L/árvore/dia e 1600m3/ ha – 176 L/árvore/dia”. Tendo em conta que é uma cultura exigente em água, já que não tolera a seca nem a rega em demasia, “temos de fazer um esforço para reduzir o consumo de água”, referiu o professor, que destacou projeto Agro+Eficiente, que “procura agricultores compomares em produção disponíveis para colaborar com o projeto”. E tendo emconta o excesso de notícias negativas relacionadas com a cultura do abacate, nomeadamente porque consome muita água, Amílcar Duarte destacou a importância de ter isso em consideração e “ jogar com a ideia de o abacate ser um fixador de carbono, já que temos alguns dados de ensaios em como o abacateiro contribui para o aumento da matéria orgânica no solo”. COMO COMBATER O STRESSE ABIÓTICO Na palestra seguinte coube a Vicente Navarro, gestor de cultura de citrinos e subtropicais da ADP Fertilizantes-Grupo Fertiberia, abordar as consequências dos stresses abióticos, nomeadamente “atividade enzimática, danos severos nas plantas, queda das folhas, flores e frutos recém vingados ou stress hídrico”, pelo que foi estudado “um sistema de defesa antioxidante para que a planta tenha maior concentração de antioxidantes enzimátcos e não enzimáticos.” Amílcar Duarte, professor adjunto da Universidade do Algarve, começou por contar um pouco da história do abacate. Vicente Navarro, gestor de cultura de citrinos e subtropicais da ADP Fertilizantes-Grupo Fertiberia.

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