AGRICULTURA DIGITAL 39 Estes pilotos são constituídos pela tecnologia SOFIS, um sistema customizado de sensores de baixo custo desenvolvido pelo SFCOLAB e que pode ser adaptado a diversas fileiras agrícolas. Cada piloto transmite os dados em tempo real para uma plataforma online, na qual se perspetiva a implementação de recomendações para a gestão precisa e eficiente de fatores de produção. Este projeto promove não apenas a inovação tecnológica, mas também a capacitação de técnicos e produtores no contexto da agricultura 4.0. As tecnologias digitais fazem cada vez mais parte do quotidiano de diversas explorações agrícolas. Estas inovações vão desde sistemas de monitorização baseados em sensores, análise de imagens obtidas por drones e satélites, até plataformas de análise de dados, e oferecem soluções inteligentes para os desafios do dia-a-dia do setor agrícola. As tecnologias digitais, em conjunto com a agricultura de precisão, procuram o uso eficiente e preciso dos fatores de produção (solo, água, nutrientes, fitofármacos), contribuindo para um aumento sustentável da produtividade e para a redução dos custos de produção. As tecnologias de baixo custo constituem-se como um passo importante para a democratização da agricultura 4.0, uma vez que estão disponíveis para agricultores de diversas dimensões. Contudo, para potencializar a adoção das tecnologias digitais é também preciso promover a literacia digital de todos os envolvidos no setor agrícola através da desmistificação das tecnologias e na formação de competências. O PROJETO DIGIFARM2ALL A identificação da necessidade de democratização da digitalização na agricultura na generalidade das explorações agrícolas do território impulsionou impulsionou o projecto 'DigiFarm2all: Sustentabilidade e Democratização da Agricultura 4.0'. Os pressupostos deste projeto são a consideração de que as cooperativas, bem como outras organizações de agricultores, são o veículo privilegiado para possibilitar a digitalização de todas as explorações agrícolas, pela confiança que os associados depositam nestas, pela partilha de custos com equipamento e apoio técnico que possibilitam, e por permitirem que dentro da organização se identifiquem os agricultores que poderão adotar mais facilmente as novas tecnologias, permitindo que os restantes os sigam. O DigiFarm2all é um projeto liderado pelo SFCOLAB, que decorre de outubro de 2022 a setembro de 2025, e que tem como objetivo desenvolver soluções de baixo custo, de acesso aberto e que integrem apoio técnico especializado considerando as necessidades dos agricultores. Este projeto reúne um total de vinte parceiros, entre os quais o INIAV, a Confagri, a Impactwave, cooperativas e empresas do setor agrícola, nomeadamente da vinha, olival, laranja, kiwi, abacate e pequenos frutos. Representa ainda confederações de agricultores, polos de inovação, laboratórios colaborativos (CoLABs), centros de competências (CC) e empresas tecnológicas. O consórcio identificou 17 locais para instalação dos pilotos tecnológicos, de norte a sul de Portugal (figura 2), cujo objetivo é gerar informações e recomendações úteis, bem como o de disseminação das tecnologias de baixo custo entre agricultores e cooperados e local para ações de formação. A TECNOLOGIA DE CUSTO ACESSÍVEL DO PROJETO DIGIFARM2ALL Cada piloto tecnológico do DigiFarm2all é constituído por um sistema SOFIS (Smart Orchard Fertiirrigation System), que é um sistema de sensores personalizável de custo acessível desenvolvido pelo SFCOLAB e dimensionado de acordo com as necessidades específicas de cada exploração agrícola (Siqueira et al. 2022). Esta solução nasceu do objetivo de democratizar a agricultura 4.0, caracterizando-se por um sistema de aquisição de dados (sensores proximais de baixo custo), um sistema de comunicação remota (adaptável a GSM, WiFi ou LoRa) com elevada frequência de transmissão de dados, processamento de dados e geração de informação útil em tempo real para a gestão dos recursos e fatores de produção. No caso do DigiFarm2all, os pilotos são constituídos por uma estação meteorológica (sensor de direção e velocidade do vento, pluviómetro, sensor de temperatura e humidade do ar e um sensor de radiação total e radiação fotossinteticamente ativa) e sensores de temperatura, humidade e condutividade elétrica do solo. A quantidade de sensores e a profundidade em que os sensores de solo são instalados é dependente da cultura e do regime de rega e fertirrega. Os pilotos incluem ainda um módulo de processamento e comunicação remota de dados (GSM) e um sistema de energia autossuficiente, composto por um painel solar e uma bateria (figura 1). Figura 2 - Localização dos 17 pilotos tecnológicos, de norte a sul de Portugal.
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