REGADIO 76 e a programação da irrigação sejam complementadas com a utilização de indicadores do estado hídrico da cultura, entre os quais se destaca o potencial hídrico do caule, devido à sua elevada sensibilidade ao teor de água no solo e à demanda climática. Estas ferramentas aumentaram, em média, 36% da produtividade hídrica, reduzindo a irrigação das principais culturas lenhosas, como frutos de caroço, citrinos e uvas de mesa, em cerca de 2000 m3 ha-1 nas condições semi-áridas mediterrânicas da região de Múrcia. A PRODUTIVIDADE HÍDRICA NA AGRICULTURA Atualmente, é de vital importância reduzir a pressão da agricultura sobre os recursos hídricos e adotar estratégias para minimizar o seu impacto ambiental, sem afetar negativamente o rendimento ou a qualidade da fruta, maximizando a produtividade hídrica. Com o objetivo de gerar uma terminologia comum à utilização da água da agricultura, do ponto de vista fisiológico e económico, a produtividade da água de irrigação (WPi, sigla em inglês de irrigation water productivity) foi definida como a relação entre o rendimento comercial durante o ciclo da cultura (kg ha -1) e a água de irrigação aplicada no mesmo período (m 3 ha -1). Da mesma forma, quando o rendimento está relacionado com a água de irrigação utilizada juntamente com a precipitação, é feita referência à produtividade hídrica da cultura (WPc, crop water productivity) [1,2]. A disponibilidade hídrica é altamente sensível ao padrão de alterações climáticas que vivenciamos hoje em dia, e as estimativas indicam que em áreas agrícolas irrigadas sob condições semi-áridas mediterrânicas, a disponibilidade de água seria significativamente reduzida e, ainda mais, tendo em conta o aumento das temperaturas, o que implicará uma maior necessidade de água para as culturas [3–5]. Esta situação é quase permanente no sudeste da Espanha que, apesar de possuir uma infraestrutura hidráulica robusta e a elevada tecnificação ao nível da área irrigável (comunidade de irrigação e parcela), os agricultores devem aplicar estratégias para otimizar a utilização da água de irrigação e manter a sustentabilidade da atividade [6]. Neste sentido, o termo irrigação deficitária é cada vez mais conhecido, sendo definido como a aplicação de irrigação abaixo das necessidades hídricas de uma cultura durante períodos fenológicos não críticos (menos sensíveis ao stresse hídrico), denominada neste caso de irrigação deficitária controlada (RDC), ou durante todo o ciclo, com menor intensidade de stresse hídrico, e que corresponderia à irrigação deficitária sustentada (RDS) [13]. Ambas as estratégias de irrigação foram validadas em várias culturas lenhosas como uma alternativa viável para aumentar a produtividade da água em zonas temperadas, entre as quais se destacam a nectarina [7,8], cereja [9], pêssego [10–13], paraguaio [14], ameixa [15], amêndoa [16–18] alperce [19–23], citrinos [24–35] e uvas de mesa [36–39]. O sucesso de uma estratégia de irrigação deficitária dependerá da delimitação correta das fases fenológicas da cultura consideradas não críticas, ou seja, não sensíveis ao déficit hídrico, e da intensidade do stresse hídrico aplicado, definida pelo valor limiar do indicador do estado hídrico do solo e/ou planta utilizada e a sua acumulação durante o período. Da mesma forma, recomenda-se que durante o restante ciclo da cultura, o cálculo das necessidades hídricas da cultura (evapotranspiração de referência, coeficientes de cultura, eficiências de aplicação e precipitação efetiva) seja complementado com informações sobre o estado hídrico da cultura, que podem ser controladas de forma direta ou indireta por diversas ferramentas tecnológicas [40]. INDICADORES DO ESTADO HÍDRICO DAS CULTURAS LENHOSAS Existem diferentes indicadores do estado hídrico do solo e da planta utilizados na programação da irrigação em culturas lenhosas obtidos Figura 1. Evolução do potencial hídrico do caule em uvas de mesa irrigadas sem limitação hídrica e sob irrigação deficitária controlada no período pós-envelhecimento. A área colorida a vermelho entre as duas curvas corresponde à integral do stresse hídrico (Sψ) acumulada no período. Uvas de mesa com irrigação deficitária controlada (IDC) Sem limitações Potencial hídrico do caule (ψs) [MPa] Veraison Junho hídricas IDC Valor limite Julho Agosto Setembro Outubro
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