BA14 - Agriterra

35 AGROINFLUENCERS um lugar no Senado. Não acredita que tenha sido convidada pelo Partido Popular devido à sua atividade no Instagram, mas também não nega que isso a possa ter favorecido. “Eu nunca fiz política. Quando se tem uma rede social, o melhor é não fazer uma escolha”, diz. A senadora recém-eleita é de Fuenteovejuna e considera que o que aconteceu foi pelo facto de andar no terreno e conhecer a agricultura e os agricultores, o que faz dela uma pessoa que pode trabalhar, a partir da política, para o campo e, em particular, para a sua região; “agora sim, estou realmente empenhada e grata pela confiança”, afirma. Não é o único caso. A viagem de ida ou de ida e volta das redes para a política foi feita por mais alguns influenciadores. Na Extremadura, Camino Limia tornou-se conselheira de Gestão Florestal e Meio Rural, depois de ter sido nomeada pelo Vox para este cargo. Outro caso conhecido é o de Marta García, da exploração pecuária Val del Mazo, que foi deputada do Ciudadanos no parlamento da Cantábria. A lista não se esgota aqui, e quem quiser aprofundar não terá de procurar muito para encontrar flirts mais ou menos dissimulados, mais ou menos incendiários, entre influenciadores e política. Esta relação não é acidental. Os partidos políticos estão cada vez mais conscientes do valor destes líderes de opinião. Num trabalho académico elaborado na Universidade Complutense por Itziar Fullana, “La figura del influencer como una herramienta de marketing político” (A figura do influenciador como uma ferramenta de marketing político), esta afirma que a introdução dos mesmos na política, não se limitando a ser embaixadores de marcas comerciais, já está a acontecer e irá aumentar. “A naturalidade com que transmitem a informação e a falsa sensação de proximidade que criam com os seus seguidores dão credibilidade às mensagens que transmitem”, indica. “Utilizar o seu carisma para ganhar votos durante as campanhas eleitorais ou para direcionar a opinião pública durante o mandato é uma técnica ainda pouco explorada, que pode fazer toda a diferença para um partido político”, acrescenta. E conclui: “Para se poder desenvolver esta estratégia de comunicação, é necessário recorrer aos microinfluenciadores, que têm um número reduzido de seguidores, cuja única ocupação não é serem influenciadores, estão envolvidos na situação social do seu meio e têm maior aceitação do que os grandes influenciadores. O seu papel em termos de oratória tem uma penetração e uma repercussão posterior muito maiores do que as dos grandes líderes da comunicação”. MAS, INFLUENCIAM MESMO? Para além da política, em relação à qual o parágrafo anterior deixa tudo bem claro, Herguedas relativiza: “no setor têm muita influência e as marcas estão a jogar cada vez mais no terreno dos influenciadores, mas ainda não conseguiram chegar a um grande público fora do setor”. Elisa Bagüés, responsável de comunicação da empresa Agromonegros, que observa de perto o mundo dos agroinfluenciadores há algum tempo, apresenta uma prova empírica: a segunda publicação no seu blogue sobre estes líderes de opinião, que foi partilhada por alguns deles, trouxe-lhe 600 novos seguidores num único dia. Em termos de seguidores, não são comparáveis aos de moda ou de viagens, mas oferecem uma boa qualidade técnica, investem tempo a fazê-lo bem e muitos são uma fonte de opinião fiável, o que faz com que, em boa medida, tenham acordos com marcas e façam publicidade, conclui Bagüés, que, em todo o caso, adverte: “o setor agrícola é um setor muito complicado que não está habituado a compromissos com marcas”. O mais relevante, diz Rubén Villanueva, "é a sua capacidade de moldar a imagem do campo na cidade: mostram o dia a dia e estão a mudar a perceção". n Elisa Bagüés, responsável de comunicação da empresa Agromonegros: “o setor agrícola é um setor muito complicado que não está habituado a compromissos com marcas”.

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