REPORTAGEM | MILHO 63 A cultura do milho na Europa é um dos pilares do sistema agroalimentar no Velho Continente. A sua adaptação ao clima e ao solo existentes na região europeia permitiu aproveitar as qualidades de uma planta que pode ser colhida em verde e que também é capaz de oferecer um grão versátil que serve tanto a indústria do etanol como as fábricas de ração para animais. É também um vegetal popular que se consome em fresco e é a base das pipocas ou do amido para utilização industrial. Em Portugal, o milho deu origem a um complexo agroindustrial inteiramente dedicado a esta cultura, que no país representa uma das alternativas mais valorizadas no regadio. O seu elevado rendimento reflete-se nas mais de 67 mil explorações agrícolas nas quais este cultivo está presente, a nível nacional. A este respeito, a melhoria das variedades tem sido um fator determinante para a rentabilidade da cultura, inclusivamente em campanhas com elevados custos de produção, como as atuais. O SETOR DO MILHO EM FRANÇA A França é um dos principais intervenientes na cultura do milho na Europa, tanto em termos de produção de cereais e forragens como em termos de sementes, onde é líder, ao produzir 60% das sementes utilizadas em toda a Europa. Em 2022, foram cultivados neste país, respetivamente, 1,2 e 1,4 milhões de hectares de milho para grão e de milho forrageiro. Em termos de produção de sementes de milho, a França produziu 84.500 ha de milho no ano passado, quase 50% da superfície europeia que é de 178 mil ha. As sementes produzidas na Europa destinam-se sobretudo a satisfazer a procura interna do continente, sendo que a exportação de sementes de milho produzidas em França se destina principalmente à Alemanha. No que diz respeito à dimensão deste setor produtivo em França, é de destacar que o número de variedades que se multiplicam anualmente se situa acima das 2.400. Em média, um hectare de milho para multiplicação de sementes é capaz de produzir uma quantidade suficiente para plantar 120 ha de milho à escala comercial (grão-forragem). O TRABALHO DA FNPSMS A Federação Nacional Francesa de Produção de Sementes de Milho e Sorgo, FNPSMS, é uma organização interprofissional que agrupa todos os operadores envolvidos na produção de sementes de milho e sorgo em França, ou seja, empresas de sementes e multiplicadores. Todas elas partilham o mesmo objetivo: gerir a produção francesa em termos técnicos e económicos, contribuir para o desenvolvimento do setor em França e no estrangeiro, e atuar em conjunto como órgão representativo perante as autoridades francesas e comunitárias. Os produtores de milho para semente estão organizados em 25 uniões departamentais-regionais e federados na AGPM MAÏS SEMENCE (Associação Geral de Produtores de Milho de Semente de França). As 26 empresas de sementes (criadoras e subcontratadas) do setor estão federadas na secção de milho e sorgo da UFS (União Francesa de Produtores de Semente). A FNPSMS é a única organização com estas características a nível mundial que acumula mais de 70 anos de experiência. Atualmente, está a realizar a campanha “Seeds for Future” para promover, entre outros objetivos, o aumento da superfície destinada à produção de sementes de milho e sorgo na UE. O PAPEL DOS CRIADORES As empresas criadoras de sementes desempenham um papel fundamental nesta indústria. Os seus esforços em I+D são fundamentais para colocar no mercado a genética exigida pelos novos tempos, cada vez mais marcados pelo impacto das alterações climáticas e pela necessidade de aumentar os rendimentos para alimentar uma população mundial em constante crescimento. Durante a viagem de trabalho organizada pela FNPSMS, tivemos a oportunidade de visitar o centro que a empresa alemã KWS tem na região de Chartres. A empresa mantém atualmente oito programas de obtenção de variedades de milho em França, que abrange uma gama de ciclos FAO desde 200 até 570. As principais características A sede da FNPSMS, em Paris, foi o ponto de encontro do evento organizado por esta associação a nível europeu.
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