BA2 - Agriterra

14 POLÍTICA AGRÍCOLA tem apenas uma quota de mercado de 8% no mercado nacional de fito- fármacos. O olival moderno, por via da agricultura de precisão, tem feito um admirável percurso de gestão cri- teriosa na utilização dos fatores de produção, nomeadamente, água (3000 m 3 /hectare) e utilização criteriosa de fertilizantes”, adianta. O responsável diz ainda que, tendo em conta que o País está acima da média europeia em termos de perfor- mance ambiental, relacionada com a agricultura, por exemplo, na utilização de fitofármacos ou emissão de CO 2 , “caberá a Portugal traçar as metas nacionais de forma consciente e não esquecendo que tendo o setor feito um esforço que está objetivamente acima dos seus congéneres europeus”. E deixa o alerta: “exigências desfasa- das da realidade agrícola europeia provocarão abandono e problemas de concorrência desleal”. II PILAR: MOTOR DA MODERNIZAÇÃO DO SETOR AGRÍCOLA “O segundo pilar da PAC é, e conti- nuará a ser, o motor da modernização do setor agrícola”, salienta Aldina Fernandes. Assim, entende que o II pilar da PAC, onde continuarão a integrar-se os apoios aos investimentos na área da competitividade e da organi- zação da produção (instalação de jovens agricultores, modernização das explorações agrícolas, estruturas de transformação e comercializa- ção, investimentos no regadio e nas florestas, seguros agrícolas e organi- zações de produtores), da inovação e conhecimento, do desenvolvimento local e ainda, os incentivos às medi- das de natureza agroambiental e de apoio às zonas de montanha e outras afetadas por condicionantes natu- rais significativas, “carece de pacote financeiro suficientemente robusto, nunca inferior ao que tivemos no período 2014-2020”. Já o secretário-geral da CAP refere que no nosso país, a utilização das verbas comunitárias difere de outros países. No nosso caso, há um peso muito significativo do segundo pilar (PDR) face ao primeiro pilar (paga- mentos diretos). Por exemplo, França, Alemanha e a Espanha andam pelos 80%a 90%no primeiro pilar, e Portugal não ultrapassa os 50% e defende que “a possibilidade de efetuar transfe- rências do PDR para o primeiro pilar, poderá permitir uma aproximação do nosso país à média comunitária no que concerne aos valores a pagos por hectare”. “PORTUGAL PODE AINDA CRESCER MUITO EM AGRICULTURA BIOLÓGICA” Firmino Cordeiro, diretor-geral da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), admite que em relação ao pacote financeiro da PAC, para Portugal no II Pilar, onde estão inseridas as atuais medidas agroam- bientais e os apoios ao investimento, vamos sair perdedores no próximo programa de apoios da PAC. Considera que a produção integrada foi uma excelente medida, pois para além das questões ambientais, refor- çou setores sempre pouco apoiados pela PAC em Portugal. Com o fim previsto desta importante medida (último ano 2021), Firmino Cordeiro recorda que “uma vez que a produção integrada atingiu um pata- mar de grande adesão no País, terá de existir nesta evolução em exigência ambiental, um novo patamar entre a atual 'produção integrada' e o Modo de Produção Biológico, onde se pode- riam inserir milhares de agricultores em Portugal, se nada for feito correm o risco de perder muitos apoios e alguns terem mesmo de abandonar a atividade". Ainda relativamente ao II – Pilar, em relação ao investimento e à instala- ção de jovens agricultores, defende um sistema com prémios e taxas de apoio diferenciadas em função da realidade agrícola nacional, "essa diferenciação positiva até poderia ser aferida pelos Territórios de Baixa Densidade". Realidades diferentes apoios diferentes, e diz mesmo “isto são medidas de política de quem não quer deixar nem jovens, nem regiões à sua sorte”, defende ainda que os jovens agricultores ainda aguardam uma verdadeira medida de acom- panhamento técnico durante a fase de execução do projeto, instalação e nos primeiros anos de vida nesta atividade. Defensor que a água bem gerida e criteriosamente utilizada é fun- damental para se fazer agricultura em Portugal, é apologista da neces- sidade de maiores investimentos na retenção de águas da chuva através de barragens, nomeadamente, no corredor de todo o interior do País, contudo, lembra, que algumas exis- tentes deveriam ter dupla aptidão, produção de energia e agricultura dando o exemplo da Barragem do Baixo Sabor. Relativamente ao incremento no Modo de Produção Biológico por toda a União Europeia, acredita e defende que “Portugal ainda pode crescer muito em Agricultura Biológica”, mas terá de investir mais na comercializa- ção destas produções e na promoção e valorização dos seus produtos. n Firmino Cordeiro, da AJAP.

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