BA2 - Agriterra
48 FRUTICULTURA | PODA “A luz é o fator de produção mais barato” A poda é uma operação cultural imprescindível para a formação e renovação da planta e otimização da produção. Nas fruteiras a poda tem vários objetivos: equilibrar os gomos florais e os foliares, mas também deixar entrar a luz e arejar a copa. “A luz é o fator de produção mais barato a que, por vezes, não se dá valor”, alerta Rui Maia de Sousa, coordenador do Pólo de Alcobaça do INIAV. Emília Freire Neste artigo vamos falar da poda de algumas das principais fruteiras nacio- nais – Pomóideas (pereiras emacieiras), Prunóideas (pessegueiros e cerejeiras), citrinos e videiras (uva de mesa). Para isso, a Agriterra falou com investiga- dores e técnicos que trabalham nesta área para sabermos quais as técnicas de poda mais recentes. Começando pelos objetivos da poda, já sabemos que a melhoria da qua- lidade, calibre e produtividade são sempre as metas latentes em todas as operações culturais mas, no caso da poda, vamos perceber a intenção específica de cada ação. “A luz é o fator de produção mais barato a que, por vezes, não se dá valor”, lembra o coordenador da ex-Es- tação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade, Pólo de Alcobaça do INIAV. “É importante referir porque é que podamos as árvores. Não o fazemos só para que fiquem bonitas e alinhadas… Podamos as árvores porque queremos que o pomar seja competitivo, seja produtivo e tenha uma vida econó- mica maior. Para isso, temos de limpar madeira, de manter o equilíbrio”, frisa Rui Maia de Sousa, alertando: “É bom também que quem vai podar saiba distinguir o que é umgomo foliar e um gomo floral”, salienta o investigador. O CALIBRE É MUITO IMPORTANTE A questão do calibre é muito impor- tante, porque o consumidor prefere frutos maiores, por isso, o produtor têm de ter isso em conta. Embora o especialista frise que “os frutos maiores têmmenos sabor, porque o conteúdo das células está mais diluído com água, tem menos dureza e conser- vam-se pior, para além de outros inconvenientes”. Apesar de as pereiras e as maciei- ras serem ambas Pomóideas, têm um comportamento muito distinto, alerta, salientando: “as pereiras são mais rebeldes a produzir, custammais a vingar os frutos e a formar gomos florais, enquanto as macieiras são mais dóceis, produzem sempre mais”. Pelo que, “em termos de poda, temos de ter um tipo de atuação completamente diferente. Queremos que as maciei- ras cresçam, por isso, temos de tirar ramos na base para ela subir e na pereira é precisamente o contrário, temos de tirar ramos no topo para que ela cresça na parte mais baixa”, explica Rui Maia de Sousa. A poda pretende então regular o número de gomos florais e gomos folia- res que ficam, sendo que “na pereira, em geral, temos de deixar um pouco mais de ramos, mais gomos florais”. Gomos de Pereira 'Rocha'- à esquerda Gomo foliar (olho); à direita Gomo Floral (Botão).
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