BA2 - Agriterra
62 CULTURAS EM EXPANSÃO | PEQUENOS FRUTOS As exportações de pequenos frutos voltaram a bater recordes em 2020, atingindo 247 milhões de euros e 39,3 mil toneladas, com as vendas da fileira ao exterior a crescerememvalor (+5,5%) e em quantidade (+2%). Os pequenos frutos mantêm-se, assim, os líderes das exportações agrícolas nacionais, sendo os produtos do setor das frutas e legumes mais vendidos para fora de Portugal. Desde 2015, as vendas ao exterior praticamente triplicaram. Num ano em que as exportações nacionais caíram acima de 10%, devido à pandemia de Covid-19, a fileira agroalimentar, no geral, e o setor dos pequenos frutos, em particular, assumem-se como a exceção neste panorama de profunda retração. Pedro Brás de Oliveira, investigador do INIAV, dedicado aos pequenos frutos há mais de 30 anos, diz à Agriterra que “em 1990, quando quase ninguém falava de pequenos frutos, havia apenas 80ha, no total, excetuando o morango, claro, que somava cerca de 1.000”. A partir daí a evolução foi brutal. Mas, a situação inverteu-se e a área de “Potencial de crescimento ainda é muito grande” A produção de pequenos frutos emPortugal é uma história de sucesso e o especialista Pedro Brás de Oliveira, que trabalha no setor hámais de 30 anos, assegura que continua a haver potencial de crescimento. Ainda na framboesa, a campeã que, sozinha, vale 23%das exportações nacionais de frutas, em valor, mas principalmente na amora e nomirtilo, que poderão ser a próximas ‘estrelas'. Emília Freire morango diminuiu bastante (pouco mais de 300 hectares) e o mirtilo, por exemplo, já deve ocupar perto de 2.000 hectares. ( Ver Quadro 1 ) Para isso, contribuíram vários fatores, sendo um dos principais a entrada da gigante Driscoll’s em Portugal, que fez toda a diferença. Mas também há exemplos de empresas portuguesas que produzem há muitos anos e com grande sucesso. “Amaior área cabe aomirtilo, mas ainda é uma cultura recente e as plantações demoram muito a entrar em veloci- dade de cruzeiro, mas na framboesa a produção por hectare é bastante mais elevada”, lembra o especialista. A 'estrela da companhia' é a fram- boesa, representando cerca de 23% das exportações nacionais de frutas (793 milhões de euros em 2020), ultra- passando, por exemplo, os citrinos, que somaram 178,7 milhões. Pedro Brás Oliveira considera que “o sucesso da framboesa é um sucesso tecnológico, porque temos uma das produtividades mais elevadas da Europa, só superada pelos holande- ses e belgas, que têm a tecnologia de cultura protegida muito mais desen- volvida que nós”. Estamos a falar de produção em túnel, que é onde se consegue obter a melhor qualidade visual, exigida para exportação. MORANGO É POUCO RENTÁVEL Questionado sobre o porquê do desin- vestimento nomorango, o investigador é perentório: “Porque não dá dinheiro”. E adianta: “o mercado de primavera é dominado pela Espanha. Deste lado da Europa, porque do lado de lá é a Turquia”. Pedro Brás de Oliveira salienta que “a aposta deverá ser no morango de inverno, que é quando os espanhóis têm mais dificuldades, ou então de verão, com produção de ar livre, que Espanha tambémnão temmuitas con- dições, como estão a fazer as Frutas Classe, por exemplo, apostando em variedades de alto valor, para exporta- ção”. Até porque, frisa: “o rendimento do produtor fora de época é sempre
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