BA2 - Agriterra
64 CULTURAS EM EXPANSÃO | PEQUENOS FRUTOS Pedro Brás de Oliveira lembra tam- bém que a “no âmbito do plano ‘Terra Futura’, a Herdade Experimental da Fataca, em Odemira, do INIAV, está a ser transformada emPólo de Inovação para os Pequenos Frutos” e já há pro- jetos a andar: “temos um protocolo com a BeiraBaga para o melhora- mento da framboesa, outro com a Berry Smart para viveiro de mirtilos, que vai fazer uma unidade de cul- tura de tecidos, e estamos também a assinar outro protocolo para melho- ramento de amora”. A exigência tecnológica na cultura dos pequenos frutos é cada vez maior, alerta o investigador, dando o exem- plo da framboesa: “As produtividades são muito altas e só se é competi- tivo com produtividades muito altas. Para isso, o produtor tem de ter um apuro tecnológico muito elevado”, acrescentando que, por exemplo na produção em ‘long-cane’ um bom produtor já não aceita menos que 20 ton/ha na primeira produção e o objetivo é fazer duas produções por ano”. Falando agora um pouco de mirtilo, o especialista garante que “Portugal tem boas condições para produzir mirtilo ao ar livre” e refere que “maio e junho, até já são considerados os ‘meses de Portugal’ no mercado euro- peu porque Espanha e Marrocos já não têm e o norte da Europa ainda não tem”. E há ainda outra janela de mercado no outono: outubro/ novembro. Precisamente para tentar aproveitar a alta de preço desta janela de mer- cado, o INIAV esteve a fazer ensaios com redes de várias cores e espectros para “atrasar a produção do mirtilo, para chegar a essa altura”. n PRODUÇÃO APOSTA NA QUALIDADE Para perceber como vão as coisas no campo, a Agriterra falou também com duas Organizações de Produtores (OP) de dimensões e zonas dife- rentes: a Lusomorango, que é a maior OP nacional de frutas e legumes, em volume de negócios, e tem produção no litoral alentejano, Algarve e Almeirim; e com a Bagas de Portugal, uma cooperativa da zona de Sever do Vouga, ligada à Associação para os Pequenos Frutos e Inovação Empresarial (AGIM). Francisco Matos Silva, da direção da Bagas de Portugal e da AGIM, frisa que “Portugal tem grande potencial para a produção de mirtilo”, mas alerta que “é uma cultura que dá muito trabalho na apanha, poda e fer- tilização, onde tudo tem, cada vez mais, de ser muito bem planeado, tendo em conta a descida do preço”. O responsável refere a dificuldade de produção de muitos dos associa- dos porque “na grande maioria não são agricultores profissionais, fazem a cultura do mirtilo como rendimento extra, além de estarmos a falar sempre de pequenas propriedades”. A cooperativa nesta campanha comercializou cerca de 70 toneladas de pequenos frutos (85% mirtilo), mas também goji e physalis. Por seu lado, Luís Pinheiro, presidente do conselho de administração da ‘gigante’ Lusomorango – que conta com 41 associados e regista um volume de negócios superior a 65 milhões de euros, exportando mais de 95% da sua produção – diz-nos que “85% da nossa produção é fram- boesa e continua a haver mercado para crescer: estamos a falar de um mercado que vale 10 mil milhões de euros na Europa, onde há mais de 400 milhões de consumidores e as estimativas apontam que até 2025 o mercado europeu da framboesa irá crescer cerca de 10% ao ano”. O dirigente sublinha que os pequenos frutos são uma cultura altamente adaptada a Portugal e em constante modernização que, pelas suas caraterísticas organoléticas, são especialmente apreciados nos merca- dos europeus mais exigentes, sobretudo, da Europa central e do norte. As apostas da Lusomorango vão então para: ainda a framboesa, mas também para a amora: “é ummercado com grande atratividade para o futuro, que nos últimos cinco anos tem estado sempre a crescer”. Quanto ao mirtilo, Luís Pinheiro diz que “é uma cultura muito diferente, onde a flexibilidade é mais difícil de obter, que tem uma dimensão global e onde Portugal não tem escala”. Todavia, salienta que “a mecanização pode ser relevante”, referindo que já há experiências nos EUA. “Portugal tem grande potencial para a produção de mirtilo”, defende Francisco Matos Silva, da Bagas de Portugal e AGIM Foto: Comfreak, Pixabay
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