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82 CULTURAS EM EXPANSÃO | ABACATE res de abacates anda entre os 6.000 e os 7.000 m³”, diz o sócio da Global Avocatos, frisando que “nestes poma- res os sistemas de rega são modernos, com rega gota-a-gota, e que mais de 90% destas produções são controla- das e acompanhadas tecnicamente e utilizam a tecnologia para serem mais eficientes no uso da água e dos nutrientes”. Ao nível dos nutrientes o JBI Group trabalha com a AGQ Labs, realizando oito análises por ano à solução líquida no solo e às folhas “para só aplicar, em cada fase de desenvolvimento da cultura, os nutrientes certos na quan- tidade certa”. Respondendo às recentes críticas à cultura do abacate na região, o pro- dutor afirma: “para conseguir ter os cerca de 300ha de abacate que plan- tei, tenho 15 explorações entre Olhão e Vila Real de Santo António, onde é está a monocultura? E também não é uma produção intensiva porque temos entre 400 a 500 árvores por hectare, enquanto nos citrinos as plantações se situam entre as 600 e as 700 árvores”. João Bento relembra que a procura de abacate na Europa está a crescer a cerca de dois dígitos, por isso a cul- tura tem muito potencial, porque o consumo deverá continuar ainda a crescer, como aconteceu nos Estados Unidos, por exemplo, que hoje con- somem anualmente cerca de 1.100 milhões de toneladas, tendo dupli- cado em cinco anos. E alerta que “produzir na Europa tem uma pegada ecológica muito menor, mas a Europa – principalmente Espanha, porque Portugal tem pouco peso – produz apenas cerca de 20% do que consome, pelos que os outros 80% vêm essencialmente da América do Sul, de países como o Perú, o Chile e a Colômbia, e também da África do Sul, e o abacate é transportado em contentores que levam, entre duas a quatro semanas no mar, qual é a pegada ecológica destes abaca- tes? E têm de levar um produto para aguentar a viagem enquanto o nosso abacate nem sequer é lavado, é ape- nas escovado, colocado nas caixas e ao fim de dois ou três dias está nos supermercados da Europa”. “PARA VENDERMOS PARA PORTUGAL TEMOS DE PAGAR” Apesar de 95% da fruta ser para exportação, há uma pequena parte que fica em Portugal. “Fizemos um investimento porque, para vender- mos para Portugal temos de pagar… infelizmente é assim, mas vamos ver se as coisas melhoram. Vendemos para duas cadeias – Lidl e Pingo Doce –, mas perdemos cerca de cinco mil euros por camião por semana face ao preço médio que conseguimos ven- der para a Europa. Decidimos fazer porque queríamos que o consumidor português também conhecesse os nossos abacates”. O preço pago ao produtor emPortugal ronda os 2,5€/kg, sendo que todos os custos de processamento, emba- lagem e transporte ficam do lado da produção, enquanto “na Europa conseguimos mais 0,20 a 0,50€ por quilo, mesmo o custo de transporte sendo superior (entre 0,20 a 0,25€/ kg, enquanto em Portugal anda entre os 0,05 a 0,07€/kg”. O sócio da Global Avocados informa que no próximo ano a empresa deverá vender também para o MARL, porque algumas empresas manifestaram inte- resse, “principalmente para o abacate que chamamos de segunda categoria, cuja qualidade é a mesma, mas são frutos cuja pele está mais roçada, por causa do vento, por exemplo e que não colocamos na primeira catego- ria. Por isso, vendemos para cadeias chinesas de frutarias ou para os res- taurantes de sushi, que conseguem assim comprar um excelente produto a menos 0,50€ ou mesmo 1€”. Apesar de não haver muito terreno disponível, João Bento considera que “a área de produção de abacate pode duplicar nos próximos cinco ou seis anos, porque começam agora a serem reconvertidos os pomares de citrinos que têm entre 20 a 40 anos, e as pessoas estão a aproveitar para reconverterem algumas dessas áreas em abacates, podendo estabilizar em torno dos 4.000 a 5.000ha”. n "Mais de 90% destas produções são controladas e acompanhadas tecnicamente e utilizam a tecnologia para seremmais eficientes no uso da água e dos nutrientes”.

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