BA6 - Agriterra

44 CITRINOS EM PORTUGAL FATORES DE PRODUÇÃO, ÁGUA E MÃO-DE-OBRA São vários os problemas que afetam a Citricultura portuguesa. A começar pelo aumento dos custos dos fatores de produção: “este último ano tem sido terrível, e não conseguimos prever todas as consequências que daqui podem advir, com o aumento constante dos custos. Temos produtos que utilizamos, como é o caso do cartão, que em 2021, teve seis aumentos, de 30, 40, 50%”. Junte-se a isso os custos dos combustíveis e da eletricidade e o cenário atual suportado pelas empresas é tudo menos animador. A água assume outra dimensão preocupante no setor. Odirigente da CACIAL e da AlgarOrange reconhece que “não podemos dizer, de forma substantiva, que a água até agora tenha agravado substancialmente a qualidade da fruta, agravou o calibre (tamanho) e os custos brutalmente porque estamos há 12 meses consecutivos a regar quando num ano normal um produtor de citrinos rega sete meses”. E não tem dúvidas, “daqui para a frente as coisas vão agravar-se, sobretudo se não chover nos próximos três meses. E não é só a Citricultura que está em perigo nesta matéria, todas as culturas de regadio estão em causa”, avisa. E lembra que é essencial que se tomem medidas de racionalização do uso da água com uma campanha nas cidades, virada para os espaços verdes citadinos, ao invés de se diabolizar permanentemente o consumo de água na Agricultura. “O que é mais racional, deixar de produzir alimentos ou regar zonas de relvado?”, questiona. Outro problema que preocupa o setor é a mão-de-obra, transversal na Agricultura portuguesa, e que afeta igualmente os citrinos no Algarve. “Gostávamos que houvesse simplificação de procedimentos que permitissem às empresas contratarem com todas as condições legais. Isto é muito difícil de conseguir. Temos falta de mão-de-obra, sem dúvida, e estamos muito preocupados com a chegada do verão, já que tememos que a retoma do turismo leve a que muitos trabalhadores que agora estão na Agricultura vão para o Turismo. Não é uma questão de valor pago, mas simplesmente porque as pessoas preferem ir trabalhar para o Turismo”, assevera, adiantando que a CACIAL, por exemplo, conta anualmente, em média, com o trabalho de 110 pessoas e 70/80 na apanha da fruta. PRAGAS,DOENÇAS E A FALTA DE UM CADASTRO Quanto a pragas e doenças (ver artigo mais à frente), uma das principais preocupações dos citricultores é a doença bacteriana huanglongbing (HLB), e o vetor que propaga a doença (que já está no Algarve), a Trioza erytreae. “Estamos convencidos que se vai propagar por toda a região, o nosso maior receio é que chegue cá a bactéria. Quando sabemos que na Flórida (EUA) a produção caiu 70%, não quero imaginar como iremos sobreviver nesta situação”, antecipa. No que respeita às medidas preventivas, José Oliveira refere que se procedeu ao lançamento de insetos e atualmente está a tentar-se evitar a A UE é o terceiro produtor mundial de citrinos com cerca de 6 500 000 toneladas, sendo que Espanha e Itália representam cerca de 80% da sua produção. Portugal, Grécia e Chipre representam o restante

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