CITRINOS EM PORTUGAL 48 HLB E A PSILA-AFRICANADOS-CITRINOS: UM NOVO PROBLEMA E NOVAS SOLUÇÕES Tomás Mgalhães1,2,3,4/Beatriz Duarte2/Rita Poeira2/Luís Neto1,2/Natália Marques1,3/ Amílcar Duarte1,2* 1Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro. 2MED-Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro. 3CEOT-Centro de Eletrónica, Optoeletrónica e Telecomunicações, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro. 4CIMO-Centro de Investigação de Montanha, Campus Santa Apolónia, 5300-253 Bragança *aduarte@ualg.pt RESUMO Os citrinos são uma cultura importante na Península Ibérica, fazendo parte da dieta mediterrânica e contribuindo para a economia dos dois países. Atualmente, a citricultura desta região está ameaçada por uma doença devastadora, o huanglongbing, uma vez que a psila-africana-dos-citrinos, vetor da bactéria que causa esta doença, já se encontra em quase toda a região costeira de Portugal e também no norte de Espanha. A bactéria não foi até agora detetada, mas para travar o vetor, tem sido usada a luta biológica com um parasitóide da psila. A gravidade desta ameaça à nossa citricultura obriga a que se adotem novas abordagens de proteção fitossanitária, incluindo estratégias coletivas, abrangendo várias explorações agrícolas. OS CITRINOS E O HUANGLONGBING (HLB) Os citrinos são uma das culturas frutícolas mais importantes a nível mundial, com uma produção de mais de 150 milhões de toneladas (FAO, 2019). No sul da Europa, a importância da citricultura vai além da importância económica, uma vez que os citrinos fazem parte da paisagem e da dieta mediterrânica (Duarte et al., 2016). Porém, atualmente esta cultura está sob a pressão de um problema fitossanitário de grande relevo, a doença bacteriana huanglongbing (HLB), cujo nome é de origem chinesa e que se traduz como doença do ramo amarelo, um dos sintomas da doença. O agente causal desta doença é a bactéria Candidatus Liberibacter spp., que se desenvolve no floema da planta, obstruindo-o e acabando por dificultar o transporte de nutrientes, o que conduz ao definhamento da mesma (Bové, 2006). Os sintomas mais característicos são o amarelecimento assimétrico nas folhas e a inversão da cor nos frutos (Bové, 2006). Por isso, a doença também é conhecida por citrus greening. O HLB diminui muito a produtividade das árvores, tornando o pomar infetado economicamente inviável e um foco de novas infeções. Uma das grandes causas de preocupação com esta doença é o facto de, até agora, não ser conhecida uma cura economicamente viável, sendo a eliminação de plantas infetadas e o controlo do vetor as únicas formas eficazes de controlo do HLB. Exemplos do efeito devastador desta doença são o caso da Flórida, onde, desde a identificação da doença, em 2005, até 2019, ter havido uma redução de 74% da produção citrícola (Singerman & Rogers, 2020), e o caso do estado de São Paulo (Brasil), onde, desde a identificação do HLB (2004) até 2009 terem sido arrancados cerca de 4 milhões de árvores para travar a disseminação da doença (Belasque et al., 2010).
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