BA7 - Agriterra

104 FÓRUM PARA O FUTURO DA AGRICULTURA A nova PAC não pode parar Os agricultores enfrentam sérias dificuldades. Mas parar (para repensar) os Planos Estratégicos da Política Agrícola Comum não é a solução. Mesmo porque isso implicaria uma suspensão, de largos meses, dos apoios já definidos. Hoje falar de agricultura é analisar custos de contexto como os custos da matéria-prima e dos produtos agrícolas, mas também a própria energia. Custos que foramagravados – a par do próprio abastecimento – com a guerra na Ucrânia. A Syngenta Portugal reuniu umpainel de convidados, por ocasiãodo Forumfor the Future of Agriculture, para analisar, precisamente, o futuro da agricultura. Questionado sobre se, dada a situação atual, não seriamelhor a Comissão Europeia dar um passo atrás em projetos como 'Farm to Fork' ou sobre se haverámargemdemanobra para que os Estados-membros ajustem os seus Planos Estratégicos da Política Agrícola Comum(PAC), AntónioPaulaSoares, agricultor epresidentedaANPC - Associação Portuguesa de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade, foi perentório na resposta. “Vivemos uma situação socioeconómica gravíssima devido à guerra e agravada pela seca, por isso é preciso parar para pensar, porque está emcausa a soberania alimentar da Europa", alertando que "a sustentabilidade ambiental está no centro das atenções, mas não podemos perder o foco da necessária sustentabilidade económica e social da agricultura”. Eduardo Diniz, diretor-geral do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) doMinistério da Agricultura, por seu lado, afirmou que, agora, seria muito difícil mudar as regras da nova PAC, que deverão entrar em vigor em janeiro do próximo ano. No entanto, isso não significa que a Comissão não esteja atenta às dificuldades sentidas pelos agricultores. Tanto que, revelou, está a preparar, a par dos Estados-membros, medidas excecionais para ajudar os agricultores a suportar o aumento dos custos de produção e garantir o abastecimento alimentar da Europa. A situação atual, na opinião de António Paula Soares, coloca emcausa as soberanias alimentar e europeia. Pelo que considera que se deve pensar em criar condições para que a Europa analise a situação atual e evite que isso aconteça no futuro. Uma solução possível – para o binómio produzir mais e aumentar a sustentabilidade - na opinião de Helena Freitas, diretora doCentrode Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e coordenadora da Cátedra UNESCO em Conservação da Biodiversidade para o Desenvolvimento Sustentável, poderá estar na utilização de práticas regenerativas do solo, nomeadamente a mobilização de conservação e a agricultura de conservação.”Penso que a agricultura de conservação e amobilizaçãode conservação émuito importante”, afirmou. Amobilização de conservação como transição para a agricultura de transição. Isto porque “nem todos os agricultores têm os solos preparados”. E, quando o solo estivesse preparado, passar então para a agricultura de precisão. Mas, constata a engenheira, se há coisa que os agricultores sabem usar muito bem é o uso eficiente da água. No entanto, curiosamente, vários aproveitamentos hidroagrícolas que têm sido propostos ao Governo “não têm sido muito acarinhados”. A par disso, os agricultores deparam- -se com um outro problema. Como salienta Helena Freitas, em Portugal, a biotecnologia é pouco usada. Todo um conjunto de técnicas demelhoramento que poderiam, por exemplo, trazer plantas mais produtivas, com melhor genética, culturas que usam de forma mais eficiente os recursos naturais... é algo a que os agricultores portugueses não têm acesso e que, na opinião da engenheira, deveria ser uma prioridade porque é uma ferramenta que fomenta a produtividade. A par demelhores fertilizantes, que sejammais eficientes e que tenhammenos perdas.  Forum for the Future of Agriculture, organizado pela Syngenta. Alexandra Costa

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