BA7 - Agriterra

80 AGROFLORESTAL: RADIOGRAFIA DO SETOR Agroflorestal é mais do que “apenas” floresta Setor, que contribui com cerca de 2,5% para o PIB nacional, enfrenta desafios não só das alterações climáticas (seca e incêndios), como da atividade humana. É preciso ter uma visão abrangente, de forma a saber onde investir. Alexandra Costa Há quempense que a floresta ou, para sermos mais corretos, o setor agroflorestal, não traz valor acrescentado ao País. São só umas árvores que estão ali plantadas. Nada mais errado. Em 2019, a indústria de base florestal registou um volume de negócios superior a 9,8 mil milhões de euros. Só por aqui dá para perceber que tem um impacto significativo nas contas nacionais. Como explica Francisco Ferreira, presidente da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável, o setor, em termos do Valor Acrescentado Bruto (VAB) agregado para a agricultura, a silvicultura e a pesca correspondeu, em 2019, a cerca de 2,4% do total. Os dados provisórios para 2020 apontampara, aproximadamente, omesmo valor para este conjunto de setores. O INE estima que, em 2021 o valor terá sido ligeiramente superior em relação ao total, de 2,5%. Sendo que estes valores, alerta o ambientalista, apenas captura uma ótica de produção, descurando outros efeitos mais indiretos sobre a economia, como os impactes socioambientais, por exemplo os efeitos destas atividades na demografia e no estado dos ecossistemas. “Ao nível da geração de emprego, estes setores correspondem a uma fatia muito reduzida do total nacional, com muitas situações de subemprego e precariedade laboral”, constata Francisco Ferreira, que refere que a última nota trimestral do GPP (3º trimestre de 2021) aponta para uma taxa de emprego de 2,8% do total nacional. “O número de pessoas a trabalhar nestes setores tem registado uma diminuição consistente nas últimas décadas”, conclui. Mas a questão da escassez de recursos humanos não é o único desafio que o setor enfrenta. Como aponta Sofia Santos, Sustainability Champion in Chief da Systemic, a ainda a fragmentação das parcelas em áreas pequenas que podem tornar difícil a aplicação das melhores práticas de gestão sustentável florestal. A par disso há ainda que ter em conta ummodelo de negócio ainda algumas vezes assente em subsídios, principalmente ao nível da produção alimentar e alguma relutância na aplicação de práticas de gestão mais sustentável, até porque os alguns dos subsídios no passado não tinha em conta ainda estas exigências, mas o novo quadro comunitário vai tê-los; conseguir evitar-se a plantação intensiva, bem como a plantação de produtos que consumammuita água, uma vez que a água é um bem muito escasso em Portugal e a irrigação intensiva não deve ser vista como a solução. Isto faz com que, na opinião da executiva, haja dificuldade em conciliar a proAs alterações climáticas são um dos grandes desafios do setor agroflorestal.

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