BA7 - Agriterra

AGROFLORESTAL: RADIOGRAFIA DO SETOR 88 intensidade e com consequências diretas em termos da perda de produtividade dos ecossistemas florestais. Nestes territórios, onde os sistemas agroflorestais são dominantes, a presença de espécies como o sobreiro, a azinheira, o pinheiro manso, o castanheiro, entre outras, tem umpapel determinante em termos da conservação do solo e dos recursos hídricos, sendo a primeira barreira à desertificação. Todos estes sistemas têm ummodelo de exploração em regime extensivo de muito baixa intensidade, que precisa de ser apoiado com as ferramentas adequadas, como por exemplo os eco-regimes previstos na PAC para os próximos anos. Com um volume de negócios de 9,8 mil milhões de euros na indústria de base florestal e de mais de 952 milhões de euros nas empresas silvícolas em 2019, a economia da floresta tem um impacte muito significativo na economia do País. De que forma este quadro tem sido relevante para Portugal olhar para a floresta como um setor estruturante? Temos duas grandes fileiras florestais – a cortiça e a pasta de papel - que são exportadoras, com uma balança comercial positiva e as melhores no panorama europeu e até mundial, complementadas ainda com uma forte indústria da fileira do pinheiro bravo que, em conjunto, asseguram milhares de postos de trabalho, muitos dos quais em regiões desfavorecidas e em processo de desertificação rural. Apesar das mais-valias que estas fileiras trazem ao País, não só económicas, mas também sociais e ambientais, existem inúmeros entraves à realização de investimentos em qualquer uma das fileiras. No caso do eucalipto, estes entraves estão principalmente relacionados com a má imagem que esta espécie ganhou nos anos 80, e onde todo o conhecimento e alterações à gestão que foram realizados nos últimos 40 anos têm sido incapazes de alterar esta perceção da sociedade que tanto tem condicionado o poder político. No caso do sobreiro, e também do pinheiro bravo, as dificuldades surgem mais pela via da burocratização e excessivo peso de todos os processos administrativos que pendem sobre estas fileiras, e que muito condicionam o rápido acesso às medidas de apoio disponíveis no PDR2020 e a realização atempada de medidas de gestão como os desbastes ou os abates fitossanitários. Claro que a restruturação do setor florestal para potenciar estas, e as outras espécies florestais presentes no território, carece da resolução de problemas de base determinantes em termos de viabilidade económica, que é aqui o principal vetor de transformação, lado a lado, com as questões sociais e ambientais. Qual o verdadeiro impacto – presente e futuro – que terão as alterações climáticas na sustentabilidade da floresta portuguesa? Como resultado de um projeto em que a UNAC esteve recentemente envolvida (RIAAC AGRI - Rede de impacto e adaptação às alterações climáticas nos setores agrícola, agroalimentar e florestal), as alterações climáticas terão impactos distintos ao nível das florestas no território. Se no caso do sul do País estes impactos serão principalmente de “A exploração do recurso (biomassa) tem de ponderar os impactos sobre o ciclo de reposição dos nutrientes ao solo”.

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