BA7 - Agriterra

AGROFLORESTAL: RADIOGRAFIA DO SETOR 89 perda de produtividade dos montados de sobro com eventual substituição pela azinheira e migração dos sobreiros mais para o centro e norte de Portugal, já no litoral norte, o aumento da temperatura, poderá conduzir a aumentos de produtividade no pinheiro bravo e no eucalipto. Estas alterações na produtividade têm depois como consequências uma menor ou maior viabilidade económica, respetivamente, o que conduzirá à alteração de uso do solo numas áreas e à promoção das espécies noutras regiões com impactos muito relevantes no desenvolvimento rural das zonas mais sujeitas à desertificação. Estes cenários de um futuro próximo deveriam estar já a ser considerados nas estratégias de investigação, ordenamento e planeamento do território dos próximos anos. SOLO E DESFLORESTAÇÃO Os solos são outro tema sempre preocupante. O que tem sido feito nesta matéria? Nomeadamente nas intervenções nos sistemas agroflorestais, muito se evoluiu nas últimas décadas, passando o controlo da vegetação espontânea a ser realizado sem mobilização do solo, contribuindo desta forma para a diminuição dos riscos de erosão e também para o aumento do sequestro de carbono. Tradicionalmente, estes sistemas recebem poucos inputs externos em termos de fertilização, pelo que a poluição dos solos não é aqui um risco relevante como em outros setores de atividade primária. A presença do gado através de uma atividade pecuária extensiva é também relevante na conservação dos solos, diminuindo a necessidade de intervenções mecanizadas, e sendo promovida a instalação de pastagens melhoradas, em algumas zonas com períodos de permanência superiores a 10 anos sem qualquer mobilização. A desflorestação é a segunda causa global das alterações climáticas recentes, depois da queima de combustíveis fósseis. Quemedidas considera a UNAC essenciais para mitigar o problema? Quando se fala em desflorestação, normalmente esta está associada a alterações do uso do solo de floresta para outra utilização, nomeadamente a agrícola. A nível nacional, a tendência é precisamente a inversa, com a conversão de áreas agrícolas em áreas florestais. O principal problema aqui é a perda de coberto que está a ocorrer nas áreas de montado para sistemas cada vez mais abertos, de reduzida densidade arbórea, quer pela mortalidade das árvores quer pela fragilidade dos processos de regeneração natural e artificial, onde os efeitos das alterações climáticas têm dificultado a instalação/ adensamento de novas áreas. A mitigação deste problema pode ser obtida com maior investimento no melhoramento florestal, quer procurando indivíduos mais resistentes ao stress hídrico, quer complementando as técnicas silvícolas com recursos tipicamente agrícolas como é a irrigação nos primeiros anos, para que as plantas desenvolvam sistemas radiculares suficientemente robustos que permitam a sobrevivência a longos períodos de estio sem precipitação. A floresta portuguesa é essencialmente privada. Mas a falta de cadastro da propriedade florestal impede que se conheça, ao certo, o número de proprietários. Como avalia esta situação tantas décadas depois e que impactos tem na sustentabilidade económica da floresta nacional e tambémda agricultura, na sua transversalidade? A ausência de cadastro tem como consequência a não gestão e o abandono, para além da pulverização da propriedade em microparcelas. As ferramentas atuais de elaboração de cadastro simplificado podem ajudar a melhorar este problema, mas o tempo que levará até que todo o País disponha de cadastro é demasiado longo. A promoção de uma gestão agrupada é uma das soluções possíveis para implementação em simultâneo, mas também aqui os modelos que foram implementados no passado, nomeadamente as zonas de intervenção florestal, não tiveram continuidade, nem as causas de sucesso e insucesso foram devidamente avaliadas antes do surgimento de novos enquadramentos como as EGF – entidades de gestão florestal ou as AIGP – áreas integradas de gestão da paisagem. “Nas intervenções nos sistemas agroflorestais, muito se evoluiu nas últimas décadas, passando o controlo da vegetação espontânea a ser realizado semmobilização do solo, contribuindo desta forma para a diminuição dos riscos de erosão e também para o aumento do sequestro de carbono”

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