AGROFLORESTAL: RADIOGRAFIA DO SETOR 90 Como podem as tecnologias – imperiosas nos tempos atuais – ajudar a tornar as florestas portuguesas mais resilientes? As tecnologias terão de substituir e agilizar processos manuais, de elevado custo e investimento temporal. A mecanização de algumas operações como o descortiçamento ou a apanha de pinhas é indispensável pela falta de mão de obra disponível e também pela melhoria das condições de segurança dos operadores florestais. A deteção de árvores secas ou doentes é já hoje uma realidade que será potenciada nos próximos anos, permitindo uma atuação mais rápida em termos de prevenção da disseminação de pragas e doenças. Como olha para o investimento na área da biomassa e no aproveitamento renovável da floresta? A utilização da biomassa florestal tem sido apontada como uma possibilidade para a diminuição da carga combustível nas florestas e consequentemente para a diminuição do risco de incêndio. Mas a implementação desta estratégia teria de ocorrer a uma escala local, onde os custos de transporte da biomassa sejam viáveis economicamente. A exploração deste recurso tem ainda de ponderar os impactos sobre o ciclo de reposição dos nutrientes ao solo. Seria ainda de ponderar a utilização de culturas/espécies florestais e modelos de produção dedicados à biomassa, diminuindo desta forma a pressão sobre os recursos florestais com potencial de produção de material lenhoso de maior qualidade e mais valorizado. A Comissão Europeia já colocou em prática a nova Estratégia Florestal Europeia (EUFS) para 2030, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu. A estratégia contribui para o pacote de medidas proposto para atingir a redução de, pelo menos, 55% das emissões de gases de efeito de estudo (GEE) até 2030. Como olha para este intento? O contributo de Portugal para este objetivo passa pela redução da área ardida e pela arborização de novas áreas, estratégias em tudo alinhadas com os desejos do setor. Salientamos, porém, que a Estratégia Florestal Europeia conduz uma parte substancial dos esforços para a conservação da natureza, através de técnicas de não gestão, renaturalização ou de silvicultura próxima da natureza, o que em ecossistemas mediterrânicos pode vir a aumentar o risco de incêndio. As nossas florestas carecem de uma gestão ativa para mitigar o risco de incêndio e de dispersão de pragas e doenças, garantindo desta forma a conservação dos inúmeros atributos ambientais existentes. “PRODUTORES FLORESTAIS DETÊM MAIS DE 97% DA FLORESTA NACIONAL” Olhando para os produtores florestais, qual o panorama atual do trabalho das empresas em Portugal? Os produtores florestais detêm mais de 97% da floresta nacional, se contabilizarmos os baldios, e são os principais agentes de mudança do território, reagindo a estímulos financeiros, fiscais e/ ou sociais. Sempre que existem condições de produção, exploração e viabilidade económica,
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