FRUTOS SECOS | ENTREVISTA 33 Que radiografia se pode traçar atualmente do setor dos frutos secos em Portugal, tendo em conta que tem registado nos últimos anos bons indicadores de atratividade? Em Portugal, o setor dos frutos secos (amendoeira, aveleira, castanheiro, pistácio e nogueira) está em franco crescimento, apresentando uma taxa de crescimento superior a 50% entre 2014 e 2020 (INE 2021). Olhando para o caso particular de cada espécie, em 2020, tínhamos cerca de 51.700 hectares de castanheiros, 52.350 hectares de amendoeiras, 5.400 hectares de nogueiras, 325 hectares de avelãs e 14.450 hectares de alfarrobeiras. A taxa de crescimento destas espécies, entre 2014 e 2020, foi variável, mas muito elevada: • A área de amendoeira cresceu 81%; • A aveleira até 2020 não mostrou grande dinamismo, mas nos dois últimos anos (2021 e 2022) observa-se grande interesse por parte dos produtores, commuita área plantada em Trás-os-Montes e Beira Interior. • A área de alfarroba cresceu 4%; • A área de castanheiro cresceu 46%; • A área de nogueira cresceu 83%. Estes dados mostram-nos que as culturas que estão em franca expansão no nosso País são a amendoeira e a nogueira. Este crescimento está diretamente relacionado coma instalação de pomares intensivos no Alentejo e a renovação de pomares e novas plantações em Trás-os-Montes. Paralelamente ao aumento da área têm surgido novas empresas de transformação em todas as fileiras, agregando maior competitividade ao setor. A área de produção temaumentado na última década. Será mesmo possível, como tem sido dito por vários agentes do setor, que em breve podemos obter produções que nos permitam ser autossuficientes? Sim, isso acontece na castanha e pinhão há muito tempo. No caso da amêndoa é possível que, no ano de 2021, Portugal tenha tido mais produção que o consumo. Se isso não sucedeu no ano 2021, certamente acontecerá em 2022 ou 2023, já que este ano no norte e centro do País existe uma quebra grande de produção. A produção potencial de amêndoa está muito acima do atual consumo e a amendoeira atinge rapidamente a plena produção. No caso da noz, vai demorar ainda mais algum tempo até atingirmos a autossuficiência e no caso da avelã e pistácio, só a médio prazo. A aveleira e a pistaceira têm lenta entrada em produção, motivo pelo qual só a médio prazo será possível, se este ritmo de plantações continuar por mais alguns anos. Que dados mais recentes nos pode dar a nível da produção e por cultura? Os dados mais recentes apontam para uma produção de frutos secos de 120.850,12 toneladas e uma área de 124.489 hectares em 2020 (INE, 2022). Em 2020 as culturas commaior expressão eram a castanha, com 42.182,51 toneladas e a amêndoa, com 31.609,94 toneladas, sendo que 58% da produção nacional de frutos secos encontra-se na NUTII Norte. Por cultura, em 2020, Portugal atingiu as seguintes produções: • Alfarroba - 41.734 toneladas • Amêndoa - 31.609,94 toneladas • Avelã - 213 toneladas • Castanha - 42.182,51 toneladas • Noz - 5.110,67 toneladas (INE, 2022). As condições edafoclimáticas são uma das causas que têm ajudado muito ao crescimento do setor. Por regiões, quais são as áreas de produção mais significativas? Sim, Portugal tem condições edafoclimáticas muito interessantes para o cultivo de frutos secos no interior do País, de norte a sul. Por vezes, alguns elementos climáticos também complicam a vida aos produtores, como sucedeu este ano com a geada em abril, que destruiu a maioria da produção de amêndoa em Trás-os-Montes, Beira Interior e atingiu também parte significativa do
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