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FRUTICULTURA: EXPORTAÇÃO 46 Fruticultura: quando o dinamismo é “tramado” pelos custos de operação O setor tem conseguido aumentar as exportações. Mas o que poderia ser uma excelente notícia torna-se uma incógnita pela situação atual, com uma inflação crescente, uma seca como há muito não se via, e o aumento dos custos de energia e de transporte. Alexandra Costa Numa altura em que o cuidado com a alimentação fica cada vez mais vincado no nosso comportamento, não é de admirar que o setor da fruticultura seja um dos mais dinâmicos da economia portuguesa. Mas qual tem sido a evolução do setor? Tem conseguido produzir o suficiente para abastecer o mercado nacional e ainda satisfazer as necessidades do mercado externo? Sobre isto Gonçalo Santos Andrade, Presidente da Portugal Fresh, é taxativo. “Na última década, o setor das frutas, legumes, flores e plantas ornamentais duplicou as suas exportações, de 780 milhões de euros em 2010 para 1731 milhões de euros em 2021, atingindo o valor mais alto de sempre”, afirmou, acrescentando que “exportamos agora mais demetade do valor da produção”. Como explica o representantemáximo da Portugal Fresh, e tendo por base os dados mais recentes, no primeiro semestre de 2022 o setor registou um aumento nas vendas internacionais de 16%, alcançando os 939 milhões de euros. Em volume, as vendas internacionais também cresceram 14%, atingindo quase 805 mil toneladas. Espanha é o maior comprador de frutas, legumes e flores portugueses, concentrando 29% do valor exportado. Seguem-se França, Holanda, Alemanha e o Reino Unido. Boas notícias, certo? Talvez não. “No geral, estes resultados são positivos, mas uma análise mais fina permite concluir que o valor por quilo dos produtos não cresceu na mesma proporção do crescimento dos custos de produção, o que representa uma perda de competitividade das empresas, com muitas a passarem enormes dificuldades financeiras”, aponta Gonçalo Santos Andrade. Porque temos de ter em conta o cenário atual, em que há uma inflação ainda sem fim à vista e num ponto ainda não estável. “Vivemos um momento muito difícil no setor agroalimentar, que enfrenta a maior subida de sempre nos custos da energia, combustíveis, fertilizantes e outras matérias-primas. Ao mesmo tempo, a seca extrema, que tem afetado todo o país prejudica a produtividade e os calibres da maioria das frutas e legumes. Assim, temos um cenário de muitos desafios pela frente, também no palco inter-

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