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48 FRUTICULTURA: EXPORTAÇÃO de indústria e os citrinos. Já no caso da pera rocha – dados dos associados da ANP – Marrocos é o principal comprador, com 22,1% da produção, seguido do Brasil (15,4%) e do Reino Unido (14,9%). Nos últimos três anos, estes foram os três principais compradores, registando-se apenas uma ligeira alteração – em 2019, Marrocos ocupava a terceira posição, como Brasil a liderar. Mas e haverá mercados emergentes? Estamos sempre atentos a novas oportunidades e mercados. É a resposta de Gonçalo Santos Andrade, que acrescenta que fora da Europa, a Ásia é um continente comenorme interesse para o setor. “Já é responsável por metade das compras mundiais de frutas e legumes. Países como a China, a Índia e a Indonésia tambémmerecem uma atenção especial”, constata. FUTURO INCERTO Num ano tudo muda. A prova é que, no ano passado, em outubro, Gonçalo Santos Andrade dizia ao Diário de Notícias que a Portugal Fresh queria atingir, até 2030, um volume de exportações da ordem dos 2500 milhões de euros, objetivo que a concretizar-se significará um incremento de mais de 48% no espaço de uma década. Hoje, com a guerra na Ucrânia e uma inflação em crescendo, a mensagem é ligeiramente diferente. Embora o objetivo se mantenha o tom é mais cauteloso. “Neste momento, atravessamos um cenário de desafios acrescidos: seca, guerra, subida de preços, inflação. Não baixaremos os braços perante essas dificuldades, mas continuaremos a reclamar aquilo que nos parece elementar. Por um lado, maior investimento público neste setor, que permita implementar medidas urgentes, priorizando, desde já, a modernização dos perímetros de rega, a par da aposta em novas reservas de água e novas fontes de água, ou seja, uma estratégia nacional para o regadio”. O presidente da Portugal Fresh afirma ser necessário tomar medidas equivalentes às adotadas pelos países do Sul e nossos principais concorrentes: Espanha, França e Itália. A par, em simultâneo, de “diminuir a carga fiscal sobre as empresas, tornando-as mais competitivas e robustas nestemercado global. Por outro lado, e não menos importante, é preciso que, dentro da cadeira agroalimentar, haja uma maior solidariedade entre todos os atores, que resulte numa remuneração mais justa aos produtores, que estando na origem de tudo, são, no final, esquecidos e, ano após ano, repetidamente prejudicados”. O objetivo inicial de 2.500 milhões de euros de exportações até 2030 mantém-se. Mas para isso ser possível é necessário avançar e fazer investimentos que não se têm feito até aqui. Investimentos que têm de ser feitos já. “Queremos ainda reforçar o orçamento de promoção do setor, através da criação da interprofissional das frutas, legumes e flores de Portugal, e continuar a consolidar os principais mercados de exportação. Em simultâneo, manteremos a estratégia de promover o setor emmercados emergentes e com enorme potencial para as empresas portuguesas”, afirma Gonçalo Santos Andrade. A prova é que a Portugal Fresh continua a promover o setor além-fronteiras. Recentemente, levou amaior representação de sempre na Fruit Attraction, em Madrid. No total estiveram presentes 46 empresas e associações. Sobre a presença emEspanha, Gonçalo Santos Andrade referiu que a promoção internacional pode contribuir para valorizar a produção e ajudar as empresas a diversificaremdestinos para os seus produtos. Mas a sua mensagemnão se ficou por aqui. O presidente da Portugal Fresh aproveitou para apontar os desafios do setor. “É necessária uma distribuição mais justa do valor na cadeia agroalimentar, com a indústria e o retalho. Os agricultores têm que ser melhor remunerados a fim de serem competitivos”. E a ANP aponta ainda uma outra questão, pertinente para a pera rocha. A Associação tem como objetivo para os próximos anos o valorizar a Pera Rocha do Oeste. Porque, como refere, falamos de um fruto de grande qualidade, não faz sentido que o seu valor de comercialização seja inferior ao de outras variedades europeias. “Os produtos portugueses têmmuita procura no mercado internacional. Se não renovarmos e modernizarmos os perímetros de rega existentes e criando novos, os países na latitude sul da Europa irão aproveitar a nossa falta de estratégia para o regadio. Todas as medidas até agora anunciadas pelo Governo são exíguas face às adotadas em Espanha, maior concorrente de Portugal a nível da produção”, conclui Gonçalo Santos Andrade. n

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