BF1 - iALIMENTAR

18 EMBALAGEM meros para diversos clientes e temos conseguido dar resposta ao que pre- tendem. As soluções vão-se criando à medida das necessidades de cada situação”. INVESTIGAÇÃO: NOVOS MATERIAIS Há cada vez mais investigações no âmbito das embalagens biodegra- dáveis, compostáveis e funcionais. Margarida Cortez Vieira, professora do Departamento de Engenharia Alimentar da Universidade do Algarve (UAlg), diz-nos que o objetivo é pro- duzir embalagens que não poluam o ambiente, que utilizem de preferência materiais que se degradem logo após o consumo do alimento” e, em conjunto com alunos de mestrado, tem desen- volvido vários projetos neste sentido. Alguns exemplos são os filmes de ori- gem biológica, de proteína isolada de tremoço Lupinus angustifolius ou de quitosano. Mas o ISE da UAlg tem tido também projetos na área das embalagens inte- ligentes/funcionais. “Uma embalagem é inteligente se for capaz de conter funções inteligentes que respondem a um estímulo interno/externo de modo a comunicar o estado do produto aos seus consumidores, ou seja, contém um elemento que interage com os consumidores informando-os sobre umproduto (preço, frescura, transporte, armazenamento, etc.), ou sobre a sua fidelização com uma marca, encon- trar uma marca nas redes sociais, na web, etc.”, explica Margarida Vieira. Neste caso estão as embalagens de libertação controlada (exem- plos: CO 2 ; Aromas; Antioxidantes; e Antimicrobianos) e estão a prosse- guir agora estudos com a produção de nanopartículas. Este tipo de embalagens podem, nomeadamente, ajudar a prolongar a vida útil dos alimentos, entre mui- tas outras funções. É o caso do projeto YPACK, que está a desenvolver embalagens biodegra- dáveis que prolongam a vida útil dos alimentos. Os últimos resultados deste projeto, financiado pela UE, mostram que uma formulação inovadora de ingredientes ativos poderia permitir fabricar embalagens biodegradáveis com capacidade para prolongar o prazo de validade dos alimentos, redu- zindo assim os resíduos alimentares. O consórcio responsável pelo pro- jeto YPACK, do qual fazem parte a Universidade do Minho, a Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/NOVA), a Sonae, a Biotrend e o INL (International Iberian Nanotechnology Laboratory), desen- volveu, ao longo dos últimos dois anos, um plástico de base biológica alter- nativo às tradicionais embalagens de plástico para alimentos. A embalagem compostável YPACK é feita a partir de um biopolímero sustentável, poli(3-hydroxybutyrate- -co-3-hydroxyvalerate), identificado com a sigla PHBV, produzido a partir de subprodutos industriais do soro de Investigação do Departamento de Engenharia Alimentar do Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve. queijo e de microcelulose proveniente de casca de amêndoa. Os testes de biodegradabilidade mostram uma degradação total dentro dos 90 dias regulamentados. EMBALAGENS COMESTÍVEIS Mais recentemente, uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), com a colaboração da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), desenvolveu um conjunto de embalagens comestíveis a partir de diferentes resíduos do setor agroalimentar e da pesca, uma alter- nativa sustentável ao plástico. Na prática, estas embalagens comes- tíveis são filmes obtidos a partir de resíduos de diferentes alimentos, nomeadamente cascas de batata e de marmelo, fruta fora das cara- terísticas padronizadas e cascas de crustáceos, que, além de revestirem os alimentos, prolongando a sua vida útil na prateleira do supermercado, também podem ser ingeridos. “O maior desafio é encontrar os materiais ideais para que as for- mulações tenham as caraterísticas desejadas. Por isso, foi necessário estudar os filmes do ponto de vista físico, como por exemplo as proprie- dades mecânicas, de forma a servirem de embalagem/ revestimento; estu- dar as propriedades bioativas dos filmes, ou seja, se alguns compos- tos apresentam benefícios para a saúde quando ingeridos; avaliar as reações quando se juntam diferentes compostos; análise microbiológica e sensorial dos filmes selecionados; e avaliar a compatibilidade do alimento com o sistema comestível produ- zido”, resumem Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra, as três investigadoras da FCTUC que desenvolveram este projeto. Amaioria destes projetos de investiga- ção em curso nas várias universidades e outras instituições estão a ser desen- volvidas em parceria com empresas do setor. n

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