BF10 - iAlimentar

31 INDÚSTRIA CONSERVEIRA Uma equipa internacional de especialistas, dirigidos por investigadores do Instituto de Hortofruticultura Subtropical e Mediterrânica La Mayora (IHSM-CSIC-UMA), em Málaga, e do Instituto de Ciências dos Materiais de Sevilha (ICMS-CSIC-US), localizado no Parque Científico e Tecnológico da Cartuja, em Sevilha, desenvolveu resinas de bagaço de tomate para revestir o interior de embalagens metálicas de alimentos, latas de conserva e bebidas, entre outros. Para isso, reutilizaram os subprodutos que são produzidos após o processamento do tomate para fazer gaspachos, molhos ou sumos, que são compostos por sementes, peles e pequenos resíduos de rama. Hoje em dia, o bagaço de tomate é eliminado como resíduo sólido, queimado ou, numa pequena proporção, destinado à alimentação animal devido ao seu baixo valor nutricional. Entre as suas principais características, esta resina biológica e inócua para o ambiente, proveniente dos resíduos de tomate, repele a água, adere firmemente ao metal da lata que reveste e apresenta propriedades anticorrosivas contra o sal e qualquer líquido. Após a realização de testes com alimentos simulados, o próximo passo é testar a sua eficácia em latas e embalagens que contenham alimentos reais e avaliar a sua aplicação industrial. Com este estudo, intitulado “Bio-based lacquers from industrially processed tomato bagace for sustainable metal food packaging”, publicado na revista Journal of Cleaner Production e no qual também participam investigadores da Universidade de Málaga, da Universidade de Sevilha, do Instituto Italiano de Tecnologia e da Universidade Politécnica de Las Marcas, os especialistas propõem uma alternativa biodegradável para revestir as embalagens alimentares baseada na bioeconomia circular de um produto como o tomate. O objetivo é reutilizar um resíduo, o bagaço daquele fruto, como matéria- -prima para outros bens, neste caso, as latas de conserva e outras embalagens que contenham alimentos. “A partir de um resíduo, obtemos uma matéria-prima ecológica e sustentável, com um impacto ambiental muito baixo, uma vez que reduzimos a geração de lixo e, ao mesmo tempo, minimizamos a extração de recursos fósseis para o fabrico destes mesmos recipientes”, explica o investigador do Instituto de Hortofruticultura Subtropical e Mediterrânica “La Mayora”, Alejandro Heredia. Atualmente, o aço e o alumínio são os principais materiais utilizados para fabricar latas e embalagens metálicas. Em contacto com os alimentos, estes podem corroer o metal, contaminando assim os produtos em conserva. Para o evitar, o interior destes recipientes é coberto com uma camada muito fina que protege o metal dessa corrosão. Esta resina adesiva é denominada de epóxi, um plástico derivado do petróleo que contém bisfenol A, mais conhecido como BPA. É um composto químico industrial que protege os alimentos, mas, ao mesmo tempo, solta partículas Equipa do Instituto de Hortofruticultura Subtropical e Mediterrânica “La Mayora” (CSIC - Universidade de Málaga), responsável por este trabalho. Foto: Isabel Díaz.

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx