BF10 - iAlimentar

48 PRODUÇÃO OakFood, o projeto que pretende (re)valorizar a bolota portuguesa Portugal é um produtor excecional de bolota, principalmente devido ao seu extenso montado que percorre o país de norte a sul, estimando-se que as árvores do género Quercus representem cerca de 36% de toda a floresta nacional, a maior seguida do género Eucalyptus, que ocupa 26%. O montado é um sistema agro-silvopastoril que cobre cerca de três milhões de hectares na Península Ibérica. Apesar do registo histórico do consumo de bolota em todo o mundo, e no caso português com registos contemporâneos de consumo tradicional em algumas regiões, apenas a bolota de azinheira (Quercus rotundifolia) se encontra listada como produto tradicional pela Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR). Há décadas que em Portugal a bolota é usada principalmente como alimentação animal, sendo o seu uso comercial maioritário (mais de 83 mil toneladas do total médio de 400 mil toneladas produzidas anualmente) para engorda de espécies pecuárias. No entanto, a bolota apresenta um enorme potencial de integração na Dieta Mediterrânica, uma vez que as principais tendências de mercado têm alavancado a procura por novas soluções para aumentar a quota de mercado associada ao consumo de produtos agroalimentares portugueses, em particular à utilização de matérias-primas pouco exploradas na alimentação humana, promovendo a economia circular. Dados disponibilizados pela Universidade Católica Portuguesa em 2015 indicam que a fileira da bolota em Portugal tinha um valor aproximado de 6,3 milhões de euros e era onde a exploração e alimentação de suínos tinha o peso mais significativo. A falta de dados recentes relativamente à produção de bolota, assim como do seu processamento e utilização, enfatiza a necessidade da realização de um levantamento exaustivo de produtores, transformadores e possíveis produtos a desenvolver à base de bolota. A bolota é um alimento rico em termos nutricionais, contendo elevado teor em hidratos de carbono (cerca de 86%), proteína (até 10%), ácidos gordos não saturados, vitaminas (sobretudo A e E), sendo apta para celíacos (não contém glúten). Devido à sua composição em compostos fenólicos (taninos e flavonóides), a bolota é ainda estudada devido ao seu potencial antioxidante, anticarcinogénico e antienvelhecimento. Devido a estas características nutricionais, a farinha de bolota é um interessante substituto da farinha de trigo na formulação de diversos produtos, como o pão, dando origem a produtos inovadores de origem nacional através da valorização direta da parte comestível (miolo) e indireta dos seus subprodutos (casca). Apesar da Comissão Europeia reconhecer a bolota de azinheira como um Silvia Moreira, Especialista em Valorização de Subprodutos do Food4Sustainability CoLAB Ana Oliveira, Senior Regulatory Manager, Arcadia International

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