49 PRODUÇÃO ingrediente seguro para alimentação humana, ainda é difícil alavancar os requisitos-chave para melhorar a adesão dos empresários agrícolas, dos municípios e da disponibilização de terras para esta cultura, assim como da perceção da população em geral em relação à bolota, que acaba por ser largamente desperdiçada, sendo menos de 1% usada para processamento e produção de farinha para fins comerciais. Atualmente, o uso de bolota enquanto matéria-prima está dependente de vários fatores: produção suscetível a sazonalidade e safras; abate de floresta autóctone (essencialmente de carvalhos e azinheiras) e substituição por espécies invasoras comprometendo a paisagem nativa e a presença de espécies endémicas; fragmentação dos atores pertencentes à cadeia de valor da bolota; falta de informação para o tecido económico e empresarial poder investir mais no setor; inexistência de circuitos curtos de comercialização e redes de apoio; e falta de ordenamento florestal e de métodos de apanha eficazes que permitam reduzir o custo da matéria prima. De acordo com as lacunas do setor existem claras oportunidades de mapear a distribuição de bosques produtores de bolota, bem como os atores da cadeia de valor e desenvolver uma rede de contactos, de forma a conectá-los. Ao otimizar o processamento da bolota em ingredientes alimentares a escalas industrialmente relevantes, será também possível desenvolver novos alimentos inovadores que incorporem ingredientes derivados da bolota e que sejam aceites pelo consumidor, e assim promover os alimentos à base de bolota enquanto alimentos sustentáveis e saudáveis nos mercados nacional e internacional. Além disso, poderá garantir a sustentabilidade ambiental, económica e social da cadeia de valor, e uniformizar o conhecimento entre os diferentes atores, sobretudo universidades, centros de conhecimento e empresas. O projeto OakFood pretende o desenvolvimento de uma estratégia integrada para a viabilidade da bolota enquanto matéria-prima para o desenvolvimento de produtos de valor acrescentado, enquanto alternativas sustentáveis e de cadeia de curta, para a indústria alimentar. O consórcio, liderado pelo Food4Sustainability CoLAB, conta com a participação de sete PMEs (Landratech, Arcadia International, Equanto, Pepe Aromas, Javalimágico e AgroGrIN Tech e Purenut), e ainda com a Universidade Católica Portuguesa do Porto, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC) em representação do Pólo de Inovação de Viseu, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e o Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS). Os principais objetivos do projeto OakFood, que se iniciou em setembro de 2023 e terá uma duração de dois anos, são o desenvolvimento de uma rede de produtores de bolota de sobreiro, carvalho e azinheira a nível nacional, o estudo e otimização do processamento da bolota, incluindo a análise da sua escalabilidade para desbloquear a capacidade de abastecimento contínuo, e a criação e teste de novos alimentos inovadores. Será criada uma estratégia de marketing e comunicação, focada em mercados emergentes nacionais e internacionais, sustentada por uma avaliação do impacto social, económico e da pegada de carbono da cadeia de valor em construção. Este é um projeto de investigação e inovação financiado no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) - Investimento RE-C05-i03 – Agenda de investigação e inovação para a sustentabilidade da agricultura, alimentação e agroindústria, Aviso n.º 15/C05-i03/2021 Projetos I&D+i – Promoção dos produtos agroalimentares portugueses, suportada pelo orçamento do Plano de Recuperação e Resiliência Português e pelos Fundos Europeus NextGenerationEU. n
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