BF10 - iAlimentar

OPINIÃO 65 o produto final. Caracteristicamente são produzidas para serem baratas, saborosas e convenientes. Alguns exemplos destes alimentos são refrigerantes, doces, snacks ou pastelaria embalada, produtos prontos a aquecer ou derivados de carne processada. Um estudo americano, promovido pelo NIH (National Institute of Health), comparou dois grupos de pessoas saudáveis, uns a comer dieta ultraprocessada e outros minimamente processada. As refeições oferecidas aos participantes tinham a mesma quantidade de calorias, açúcar, fibra, gordura e hidratos de carbono, mas os participantes podiam escolher qual a quantidade que lhes apetecia comer. O grupo de pessoas da dieta ultraprocessada ingeriu, em média, mais 500kcal/dia, essencialmente à custa de maior quantidade de hidratos de carbono e gordura. Sob esta dieta, os participantes também comiam mais depressa e aumentaram rapidamente de peso. A dieta minimamente processada, apesar de mais saudável, obrigava a maior perda de tempo, quer na preparação, quer na alimentação em si. Assim, e num mundo cada vez mais frenético como o que vivemos atualmente, o tempo para preparar e comer uma refeição torna-se, cada vez mais, valioso. Os mecanismos de saciedade estão mais relacionados com o volume ingerido do que com a densidade energética dos alimentos. Assim, ao serem energeticamente mais densos (com mais calorias/g), os alimentos ultraprocessados levam, de forma inconsciente, a um maior consumo energético. Por outro lado, a presença de hidratos de carbono refinados vai estimular a produção de insulina, que promove a deposição do excesso de energia sob a forma de tecido adiposo. De igual modo, o elevado conteúdo de açúcares e gorduras, ao mesmo tempo que torna os alimentos mais saborosos, também altera os mecanismos de recompensa cerebral, levando a comportamentos do tipo 'aditivo' e a hiperfagia (aumento do consumo alimentar). As poderosas campanhas de marketing deste tipo de alimentos e o aumento gradual das porções contidas em cada embalagem também estimulam, de forma autónoma, o hiperconsumo. Outra teoria com grande aceitação no meio académico sugere que o organismo humano tem uma necessidade preferencial de proteínas. Dado que os alimentos ultraprocessados têm densidades proteicas mais baixas, isto vai promover o aumento do consumo de calorias até satisfazer a necessidade do organismo. A espécie humana, como muitas outras, tem um apetite preferencial por proteínas e ao diluirmos a densidade proteica dos alimentos acabamos por consumir mais energia para conseguir obter a proteína necessária. As proteínas são os blocos de construção de todas as células humanas e, como tal, são absolutamente fundamentais para a sobrevivência do organismo. Alguns estudos também

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