18 PACKAGING NA INDÚSTRIA ALIMENTAR e 20% de etanol. Esta dispersão da gordura em água é pulverizada diretamente sobre a superfície de metal a proteger. Desta forma, fica impregnada no metal, adere à forma da lata e resiste a cortes subsequentes na embalagem”, afirma o responsável pelo estudo. Para conseguir a união das moléculas da mistura e obter a resina, os especialistas aplicaram calor. “Submetemos o verniz a uma temperatura de 200 graus durante um período de tempo muito curto, entre 10 a 60 minutos e, assim, obtivemos a resina”, conta Heredia. Em conclusão, os especialistas constataram que a resina de bagaço de tomate é hidrofóbica, ou seja, repele a água. Além disso, tem uma elevada capacidade de aderência ao metal da lata que reveste. “Se a embalagem cair, bater ou sofrer um impacto durante o transporte, por exemplo, num camião de entregas, a resina atua como uma barreira protetora entre o alimento e o metal”, afirma o investigador de “La Mayora”. Para além destas qualidades, tem também uma elevada capacidade anticorrosiva contra o sal e qualquer líquido. “Os compostos deste verniz não passam para os alimentos e, por conseguinte, não contaminam o produto contido na lata, como acontece com a resina BPA”, explica Heredia. TESTES COM ALIMENTOS SIMULADOS Para corroborar todas estas propriedades, os especialistas realizaram testes com simuladores de alimentos, tal como exigido pelos regulamentos da União Europeia para os plásticos em contacto com os alimentos. “Utilizamos produtos que imitam o comportamento de um grupo de alimentos com características semelhantes. Por exemplo, utilizamos dissoluções de etanol como se fossem sopas, óleos como se fossem cremes e polímeros absorventes como se fossem alimentos secos”, explica Heredia. Para além de identificarem as características da resina de bagaço de tomate como revestimento para o interior das embalagens, os especialistas avaliaram o impacto ambiental do fabrico desta resina. Para o efeito, analisaram todo o processo de fabrico, desde a extração da matéria-prima, a produção do verniz e a sua utilização final. Compararam também estes resultados com o mesmo processo que utiliza a resina de BPA e com o que acontece se o bagaço de tomate for eliminado por queima direta na indústria. “Esta análise mostra que a obtenção da resina de bagaço de tomate produz menos dióxido de carbono do que a resina de BPA. Caso o bagaço de tomate não seja utilizado e for eliminado por queima, a poluição que produz também é maior do que a sua reutilização como resina”, salienta Heredia. Paralelamente, também identificaram e quantificaram os efeitos que a produção desta resina tem na saúde humana. “Os níveis de impacto são baixos quando comparados com a incidência da utilização de BPA nos produtos de utilização diária”, adverte o investigador de La Mayora. O investigador Alejandro Heredia mostra um protótipo de resina. Foto: Isabel Díaz. Depois de realizar ensaios com simuladores de alimentos, o passo seguinte é testar a reação da resina com alimentos reais. “Pegamos no molho de tomate, no molho de atum, esterilizamo-lo, conservamo-lo e verificamos se consegue resistir às condições reais”, enumera Heredia. Este estudo foi financiado pelo Ministério da Ciência e Inovação, pelo Departamento Regional da Universidade, Investigação e Inovação da Junta de Andaluzia e por fundos FEDER. n A resina obtida pelos especialistas reveste o interior de embalagens metálicas de alimentos, latas de conservas e bebidas, entre outros. Foto: Isabel Díaz.
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