52 ALIMENTAÇÃO Tendências na alimentação Há cada vez mais uma preocupação pelo saudável. Pelo bem-estar. Seja físico ou mental. Em conversa com a iAlimentar Deolinda Silva, executive director na PortugalFoods, revelou para onde caminha o setor alimentar e deu pistas sobre o surgimento de novas categorias. Alexandra Costa Tendências. Algo importante quando se trabalha a indústria alimentar. Porque assim consegue-se perceber quais os gostos do consumidor e responder de acordo. Acontece que, como lembra Deolinda Silva, executive director na PortugalFoods, muitas vêm de trás. A executiva verifica que, na análise das tendências para 2024 nota-se, claramente, o consolidar de algumas das tendências (que já vêm de trás). Exemplos? A questão do saudável, que já vem antes da pandemia, da indústria trabalhar produtos mais inovadores em termos daquilo que é saúde e bem-estar. “E aí podemos ir muito pragmaticamente à questão de toda aquela reformulação que está a ser feita na indústria, por inclusão legal e por questão também de saúde mundial, como é a elevação para menor teor de sal, de açúcar, de gordura”, afirma Deolinda Silva, que acredita que isto é algo que vai continuar, muito acelerado pela questão regulamentar. A executiva refere que a pandemia trouxe um maior alerta para o bem-estar. Seja físico ou mental. E acrescenta que há uma tendência muito grande na indústria que tem a ver com potencial brutal das bebidas. “As bebidas, seja água, seja outro tipo de bebidas, estão a ter um boost enorme naquilo que é a inovação”, afirma, acrescentando que estão a surgir novos produtos – bebidas – que estão a ser trabalhadas de uma forma diferente, não só do ponto de vista sustentável, mas, também, como forma de suplementação. E aponta que esta é uma oportunidade para as cervejeiras (e não só). Mesmo porque a procura pelas cervejas artesanais tem vindo a crescer exponencialmente. A prova está no facto, como aponta a executive director na PortugalFoods, de surgirem startups de produção de cerveja artesanal que se tentam “diferenciar com estratégias de marketing, ou estratégias de envolvimento de produto diferenciado muitíssimo interessantes”. A isto, acrescenta, há ainda o fenómeno da produção biológica e vegan. Sobre o primeiro é algo que tem vindo a desacelerar, ao contrário do vegan que tem vindo aumentar. “Há um crescimento da população vegan. vegetariana, mas sobretudo a população flexitariana, que é aquela população, se calhar onde nós nos incluímos, em que tentamos reduzir o consumo da carne, tentamos não comer carne ou peixe todos os dias e tentamos substituí-la por alguns pratos. Na prática ter uma alimentação equilibrada”. Nesta linha – o tentar evitar a sobrecarga dessa proteína na alimentação – assiste-se ao aparecimento dos produtos plant-based. E que está a levar à criação de uma nova categoria de produtos de base vegetal. Como aponta Deolinda Silva, não se trata de pretende imitar nada, mas sim ser uma nova categoria de produto com sabor, formato e textura inovador. Questionada sobre se houve alguma tendência que só surgiu devida à pandemia, Deolinda Silva responde afirmando que a questão do desenvolvimento produtivo mais dedicado à saúde mental foi muito acelerada com a pandemia. Antes falava-se sempre em saudável e associava-se o termo à saúde física, a fazer exercício e que isso podia influenciar a saúde mental. Hoje vê-se produtos dedicados. Um exemplo claro, derivado da pandemia, foi a questão de cozinhar em casa. Não só os pratos “normais” como o usar a criatividade e tentar imitar as refeições feitas pelos chefs. Uma tendência que se liga a uma outra, relacionada com a indulgência. Com o direito a, de vez em quando, podermos desfrutar de um pequeno prazer, sem abdicar de ser saudável. E aqui entra uma categoria que toda uma cultura nos Estados Unidos da América e que está a crescer em Portugal: os gelados, Deolinda Silva, executive director na PortugalFoods.
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