ENTREVISTA 16 quotas de exportação, apenas se conseguirá através da cooperação, da inovação e sobretudo da diferenciação de produtos de maior valor acrescentado. É certo que o setor é dominado por pequenas e médias empresas (PMEs), tanto na produção como na transformação, o que resulta numa fragmentação que pode dificultar a competitividade internacional, enfrentando dificuldades para competir com grandes produtores de outros países devido à falta de economia de escala e aos custos relativamente elevados de produção e mais recentemente à escassez de mão de obra classificada, mas também é verdade que o setor tem um grande potencial de crescimento, desde que consiga superar os seus desafios em termos de inovação, sustentabilidade e competitividade. Quais considera ser os pontos fortes (e os a melhorar) do setor produtor e transformador de carne português? Em que medida a TECMEAT pode ajudar a alterar o cenário? Sem dúvida que um dos pontos forte do setor é a qualidade da carne que produzimos. Portugal é conhecido pela produção de carnes de alta qualidade, especialmente no caso da carne de porco (incluindo a icónica carne de porco preto) ou de bovino através das suas raças autóctones tais como a Limusine, Barrosã, Arouquesa, … apenas para falar de algumas. Muitas empresas têm também investido em tecnologia moderna nos processos de abate e transformação, o que aumenta a eficiência e a rastreabilidade dos produtos. Tem havido também uma aposta crescente na automatização (e mesmo de robotização) de processos e na inovação de alguns produtos. Ao nível de pontos a melhorar, temos sem dúvida a necessidade de aumentar a formação e a qualificação contínua em novas práticas tecnológicas assim como, aumentar as atividades de inovação e de cooperação entre empresas e entidades científicas. Em todos estes pontos o TECMEAT está capacitado, quer infraestruturalmente através da sua Unidade Piloto como dos seus Laboratórios como também, para apoiar as empresas e cooperar com estas no sentido de aumentar a sua competitividade. O comportamento dos consumidores está a alterar-se com o crescente aparecimento de produtos plant based ou carne criada em laboratório. Como vê este fenómeno? Pode pôr em risco o setor produtor e transformador de carne nacional? O aparecimento de produtos plant based é uma tendência que reflete necessidade de resposta ao consumo crescente e a mudanças no comportamento dos consumidores, especialmente em relação a preocupações com saúde, sustentabilidade e bem-estar animal. Contudo, considero que este fenómeno não coloca necessariamente em risco o setor produtor e transformador de carne nacional, mas sim convida-o a adaptar-se e a evoluir. O plant based será sempre uma via complementar à carne, servindo por um lado um nicho de mercado com requisitos específicos,
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