BF18 - iAlimentar

34 DOSSIER ROTULAGEM NUTRICIONAL E TRANSPARÊNCIA PARA O CONSUMIDOR A nível europeu, a falta de harmonização também cria inconsistências. Enquanto Portugal possui de forma voluntária o Nutri-Score, países como o Reino Unido utilizam o sistema de semáforo nutricional, dificultando a comparação de produtos no mercado interno e confundindo o consumidor. A esta fragmentação junta-se a desigualdade de acesso à informação em populações envelhecidas, por exemplo, exigindo o desenvolvimento de formatos mais intuitivos e ferramentas de apoio à compreensão da informação nutricional. A digitalização, por outro lado, tem oferecido novas possibilidades. Através de códigos QR presentes nas embalagens, os consumidores podem aceder a informações detalhadas sobre ingredientes, origem, rastreabilidade ou modo de processamento. Várias aplicações permitem avaliar produtos alimentares e obter informações nutricionais baseadas em algoritmos que consideram o teor de nutrientes, a presença de aditivos e o grau de processamento. Esta nova camada de transparência expande-se para além do rótulo físico e reforça a necessidade de consistência e rigor da informação em todos os canais de comunicação. “Para a indústria alimentar, investir em rotulagem clara, acessível e ética não é apenas uma questão de conformidade com a legislação — é uma oportunidade para reforçar a reputação, responder às novas exigências dos consumidores e contribuir ativamente para a saúde da população” A eficácia da rotulagem depende, inevitavelmente, do nível de literacia alimentar da população. Nas escolas, a introdução da educação alimentar como parte do currículo representa um avanço importante, preparando as novas gerações para fazerem escolhas alimentares mais conscientes. Também os consumidores e organizações da sociedade civil têm vindo a desempenhar um papel ativo na promoção de uma rotulagem clara e ética. A rotulagem nutricional encontra-se hoje no centro de uma transformação profunda na forma como comunicamos sobre os alimentos. Já não se trata apenas de uma exigência legal, mas sim de uma ferramenta estratégica de confiança pública, capaz de educar, proteger e fidelizar. Para a indústria alimentar, investir em rotulagem clara, acessível e ética não é apenas uma questão de conformidade com a legislação — é uma oportunidade para reforçar a reputação, responder às novas exigências dos consumidores e contribuir ativamente para a saúde da população. n

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