59 informada por parte dos agentes económicos. Este é um ponto bastante complexo, uma vez que devemos avaliar a análise do ciclo de vida do produto, visto que apesar de o vidro ser o material dos identificados com maior pegada de carbono, tem, no entanto, uma elevada taxa de reciclagem e reciclabilidade. Ora, o mesmo não acontece, por exemplo, com as embalagens cartonadas que muitas vezes só são recicladas em sistemas de tratamento mais avançados. O mesmo se pode dizer do PET (baixa pegada, mas também baixa reciclabilidade) ou do alumínio, que, como o vidro, tem uma pegada elevada na produção, mas atinge elevados níveis de reciclabilidade. Assim, a resposta quanto ao material de embalamento preferível, trata-se de uma questão complexa e deverá ser determinada por vários fatores: mercado de destino do produto, sistemas de reciclagem no destino, disponibilidade de matérias-primas e disponibilidade técnica nas adegas para o embalamento escolhido. De que forma a rotulagem sustentável — papel reciclado, tintas menos poluentes e colas biodegradáveis — é valorizada no processo de certificação? Bastante, todos estes critérios estão presentes no âmbito da desmaterialização de produto, ao abrigo do Capítulo de Materiais e Componentes, que inclui os embalamentos primários, secundários, os vedantes (rolhas), cápsulas, vidro, cartão, papel, rótulos, etc. Olhamos igualmente para a cadeia de custódia destes componentes, nomeadamente a origem dos materiais lenhosos, e se apresentam qualquer tipo de certificação de 3.ª parte, como o FSC ou PEFC. Avaliamos, por exemplo, se o Agente Económico reduziu ou eliminou, de todo, tintas e vernizes nos embalamentos secundários (caixas de cartão) ou se reduziu ou eliminou as cápsulas do gargalo da garrafa. O transporte internacional representa um peso significativo na pegada ambiental. Existem orientações ou boas práticas recomendadas aos produtores para minimizar esse impacto? Tudo o que identificámos anteriormente contribui para a redução significativa do peso e, por inerência, da pegada. No entanto, o passo mais importante será podermos enviar o vinho DOC em formato granel para ser engarrafado no destino. Essa é uma prática já habitual em vários países produtores de vinho (nomeadamente do Mundo Novo) e, inclusivamente, em Portugal existem regiões que a permitem. O Alentejo, ao abrigo do seu Programa de Sustentabilidade, está neste momento a avaliar a viabilidade de o fazer, considerando que existe todo um conjunto de premissas associadas à garantia da qualidade do produto vinho que terão de ser devidamente salvaguardadas. Que papel desempenham soluções como a consolidação de cargas, a utilização de meios de transporte com menores emissões ou a aposta em cadeias curtas de distribuição? São todas opções válidas que, no entanto, têm de ser avaliadas de forma integrada, relativamente aos objetivos, mercados e prioridades dos Agentes Económicos. No âmbito direto do PSVA, as cadeias de transporte e o âmbito 3 do cálculo da pegada de carbono ainda não fazem parte da nossa avaliação. Acreditamos num crescimento sustentado no nível de consciência e intervenção dos nossos membros relativamente ao desenvolvimento das suas atividades. Por isso, ao longo dos anos temos vindo a acrescentar níveis de complexidade ao Programa do Alentejo, sendo os exemplos mais recentes precisamente a pegada de carbono (âmbitos 1 e 2) e a economia circular. Contamos, nos próximos anos, alargar ainda mais o nosso âmbito, sempre numa lógica de melhoria contínua do nosso próprio sistema de avaliação e no aumento da competitividade dos nossos membros. n
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