BF2 - iALIMENTAR
ENTREVISTA 28 que a carne de porco assume não só na economia local, mas também na Dieta Mediterrânica, considerada pela UNESCO património imaterial da Humanidade. As exportações serão o caminho para escoar a pro- dução nacional de suínos? Como tem evoluído? O setor agroalimentar tem sabido reinventar-se e cres- cer, mesmo em cenários de crise económica como a que estamos a viver neste momento, tendo, inclusivamente, conseguido crescer no valor das suas exportações. Se em 2019 o agroalimentar era o quarto principal exportador de bens em Portugal, com uma quota de 12,2% correspon- dente a 7,3 mil milhões de euros, em 2020 passou para o segundo posto, totalizando 7,5 mil milhões de euros e um peso relativo de 13,9%, sendo mesmo o único grupo de produtos com uma variação homóloga positiva entre as 11 categorias consideradas pelo INE. Podemos afirmar que o ano 2020 foi o melhor em termos de desempenho nas exportações de sempre. Este dado é de grande relevância tendo em conta as circunstâncias vividas o ano passado, o que nos faz acreditar que num cenário pós-pandémico os números serão ainda melho- res, reforçando Portugal como um produtor e exportador de carne de porco e derivados. Já em 2021, começámos o ano com um crescimento notável de 9,1% nas expor- tações suinícolas, quando comparado com o período homólogo do ano passado. Os dados foram divulgados pelo INE que revela que, entre janeiro e março de 2021, o setor exportou um total de 53,8 milhões de euros, corres- pondentes a 27,6 mil toneladas, resultando num aumento em volume de 21,9%. Já nos meses de abril e maio, as exportações carne de porco e derivados representaram 18.846.000€ e 15.242.000€, respetivamente, com um total acumulado de 87.888.000€, de janeiro a maio deste ano. Estes números representam uma taxa de crescimento de 15,9% em relação ao mesmo período de 2020 (entre janeiro e maio). A internacionalização tem sido fundamental para a sus- tentabilidade da fileira da carne de suíno nacional. A China assume-se cada vez mais como o destino preferencial das exportações nacionais da carne de porco, valendo o seu mercado um total de 19 milhões de euros no trimes- tre, seguindo-se no ranking dos países terceiros Angola (4 milhões de euros), Cabo Verde (1,6 milhões de euros), Japão (1,4 milhões de euros) e Suíça (892,5 mil euros). A exportação já vale mais do que o comércio intracomuni- tário, tendo totalizado 29,7 milhões de euros, ao passo que o comércio intracomunitário se ficou pelos 24,1 milhões de euros, como sempre, liderado pelo trânsito de animais vivos com destino a abate em Espanha. O desempenho das exportações portuguesas segue assim a sua trajetó- ria crescente, sendo tanto mais significativo tendo em conta que a comparação é feita com um período (1º tri- mestre de 2020) pré-pandemia, projetando-se que pela primeira vez superará a marca dos 200 milhões de euros em vendas ao exterior. ROTEIRO AMBIENTAL PARA A SUINICULTURA: MAIOR SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E BEM-ESTAR ANIMAL O Roteiro Ambiental foi a primeira ação do seu man- dato. O que é este Roteiro? Hámetas? O que vão fazer para as atingir? O Roteiro para a Sustentabilidade Económica e Ambiental das explorações suinícolas, que foi assinado a 18 de maio, surge da parceria entre a FPAS, o Instituto Superior de Agronomia, a Universidade de Évora e a Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. Este é um documento estra- tégico para a suinicultura no Horizonte 2030, que tem por missão o desenvolvimento sustentável do setor primário, convergente com os princípios da economia circular. Este protocolo vai permitir ao setor da Suinicultura nacional avançar cada vez mais no sentido de uma maior susten- tabilidade ambiental, em continuidade com o esforço alcançado nos últimos anos, que permitiu uma redução significativa da utilização dos recursos naturais, como a redução do consumo de água. Os suinicultores nacio- nais caminham no sentido de um uso da água cada vez mais eficiente. É com orgulho que o setor pode dizer que este uso efi- ciente da água permitiu, até ao momento, atingir números bastante positivos, nomeadamente uma redução superior a 50% do uso de água nos últimos anos, o que resulta que, em termos médios, um suíno na fase de engorda
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