BF3 - iAlimentar

OPINIÃO 70 Transição digital Há quem diga que não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças. Esta afirmação, não obstante de se apresentar como intemporal, apresenta por vários motivos uma atualidade excecional. A utilização de toda a tecnologia disponível foi evidente durante este período, desde reuniões virtuais, até à quase ausência de necessidade de presença física para realização de qualquer tipo de tarefa. Edifícios inteiros ficaram vazios, com todos os seus recursos humanos obrigados a trabalhar remotamente em formato teletrabalho e em função de confinamentos e regras de distanciamento social. Organizações dos mais variados segmentos sentiram cada vez mais a necessidade de migrar para o ambiente digital de modo a poderem adequar-se rapidamente a este novo formato de trabalho, mais produtivo, ágil e seguro. A digitalização de processos está a evoluir rapidamente para deixar de ser uma escolha e passar a ser uma questão de necessidade. Nascido na Alemanha em 2011, o termo 'Indústria 4.0' é amplamente utilizado para identificar a quarta revolução industrial. Novos sensores conectados, dispositivos, máquinas e análise de dados utilizados através da digitalização e automação criam a base da Indústria 4.0 e são exemplos dos mecanismos utilizados no sentido de melhorar a eficiência, qualidade e segurança, reduzindo custos e tempo de colocação no mercado. O foco principal está na capacidade dos sistemas conseguirem interpretar a informação, e armazenar o conhecimento adquirido com a experiência. Sistemas e processos de produção inteligentes, bem como métodos e ferramentas de engenharia adequados serão certamente um fator chave para o sucesso da implementação de instalações de produção ou serviços interconectados. A tecnologia da Internet das Coisas (Internet of Things - IoT), os sensores, simulações, sistemas baseados em inteligência artificial e sistemas em nuvem e blockchain são exemplos de tecnologias que são projetadas para ter o maior impacto na indústria de processamento alimentar, permitindo a integração de processos físicos, computação e redes em sistemas ciber-físicos. Não nos podemos, porém, esquecer do fator humano, que continua a ser uma peça chave em todo este processo de transição, sendo por isso muito relevante ter também e, em simultâneo, bem definidas estratégias de inclusão humana que levem em consideração a sua saúde e as mudanças no modelo de força de trabalho. A economia mundial está portanto num ponto sem retorno rumo a uma rápida transformação digital, e isso inclui também toda a indústria alimentar. Na indústria alimentar, restauração e mesmo retalho alimentar os diversos controlos operacionais podem beneficiar dos conceitos da Indústria 4.0, melhorando a rastreabilidade, monitorização e controlo da qualidade dos alimentos, otimizando processos de fabrico e automação ajudando ativamente a prever preferências com consequências efetivas na redução de perdas e desperdícios. Rui Lima* * Mestre em Empreendedorismo e Inovação na Indústria Alimentar. EspecialistaemIndústriasAlimentares eDiretor da Vatel Portugal - Hotel & TourismBusiness School.

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