BF4 - iAlimentar

33 LATICÍNIOS EM PORTUGAL 6400 postos de trabalho. Já Carlos Neves, secretário-geral da APROLEP, considera que é um setor organizado, que se modernizou e tem evoluído no sentido da eficiência, segurança alimentar, qualidade do leite, bem- -estar animal e pegada ecológica mas que tem perdido produtores por não ser economicamente rentável. “A indústria de leite e produtos lácteos nacional gera cerca de 1.460 milhões de euros por ano, o que representa 1,7% da indústria transformadora e é a terceira indústria mais valorizada no seio da indústria alimentar com 11 % das vendas”, refere Maria Cândida Marramaque, diretora-geral da ANIL, acrescentando que é um setor que emprega diretamente cerca de 6400 pessoas, 7% do emprego na indústria alimentar, em 344 empresas, dispersas pelo território nacional. Uma avaliação realista que decorre dos desafios que o setor enfrenta. Sendo o mais imediato, afirma Carlos Neves, o ser economicamente sustentável para ter futuro. “Isso passa por apostar em produtos de valor acrescentado mas, sobretudo, por valorizar todos os produtos, a começar pelo leite UHT que não pode ser usado como 'isco' dos supermercados para atrair consumidores”, acrescenta. Já a AGROS considera que o desafiomais desafiante e complexo é o da competitividade e do crescimento. “Com efeito, os incrementos dos custos de produção da fileira têm aumentado em linha coma inflação industrial em Portugal. Aquilo que é exigido ao setor é a produção de alimentos de grande qualidade, respeitando normas muito exigentes de segurança alimentar, ambiente e bem-estar animal, mas praticando preços muito acessíveis. Este é um paradigma que tem que mudar, o preço do leite tem que subir”, afirma Idalino Leão. PREÇO AO PRODUTOR NÃO ESTÁ ALINHADO COM O AUMENTO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO No primeiro dia de junho de 2022, a APROLEP enviou um alerta sobre o risco de extinção da produção de leite. Em causa os riscos de produção versus o preço de venda. Só para se ter uma ideia, entre maio de 2021 e maio de 2022, o preço do gasóleo agrícola aumentou 97%, o adubo 140%, omilho 77% e o bagaço de soja 45%. A associação fez as contas e isso representou um aumento no custo de alimentação das vacas de 59% e cerca de 53% no custo total para produzir um litro de leite. Do outro lado da moeda – das receitas – o preço do leite vendido aumentou apenas 23%. Ou seja, há produtos que estão a pagar mais do que 50 cêntimos por quilo de ração comprada e a vender o leite a um preço médio de 40 cêntimos por litro no continente português e 33 cêntimos nos Açores, enquanto na Holanda o preço de referência para junho atinge os 56 cêntimos por litro de leite. A tudo isto, acresce as consequências das alterações climáticas que, entre outras coisas, estão a levar a uma diminuição da produção de forragem. Segundo a APROLEP, alimentar as vacas com o atual preço do leite, é insustentável. O que leva a associação a propor a indexação do preço do leite à evolução dos custos de produção. No imediato, compete à indústria e à distribuição subirem, com urgência, o preço do leite ao produtor para 50 cêntimos, de modo a salvar a produção de leite emPortugal, caso contrário ficam sem fornecedores. Opinião partilhada pelo presidente da AGROS que afirma que “é urgente que os preços na produção subam, sob pena de colocarmos em causa a A cadeia de valor nacional é muito dependente de um produto - leite líquido - e de um canal de escoamento - a grande distribuição.

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