BF8 - iAlimentar

53 QUEIJOS sivas”. A Associação aguarda ainda os dados referentes a 2022, mas o ano de 2021 registou decréscimos de produção, nomeadamente -0,5% nos queijos de ovelha (cerca de 12mil toneladas), -1,6% em queijo de cabra (4 mil toneladas) e -5,4% nos queijos de mistura de leites. Dados citados pela Bel revelam que, depois de um ano de crescimento beneficiado em valor, a categoria de Queijo regista um acréscimo de 24,3% em valor e uma perda de -3,7% volume, em termos homólogos (acumulado do ano findo em abril 2023). Yvan Mendes, marketing manager da Bel Portugal, detalha que, neste período, o setor atingiu 244.181 milhões de euros que correspondem a 23.985 toneladas de queijo vendidos (Nielsen, Total Portugal + Ilhas + Lidl). Na sua opinião, o consumo de queijo “está muito enraizado nos hábitos alimentares dos portugueses, sendo uma categoria de sucesso em Portugal”. Presente em praticamente todos os lares (98% de penetração), a categoria dos queijos é a maior em faturação no universo de mercados considerados nos bens de grande consumo do retalho, nota Yvan Mendes. Contudo, não é indiferente ao impacto do contexto económico de inflação no comportamento do consumidor português, “obrigado a fazer escolhas mais racionais face à redução do poder de compra”. O que acelera “a procura de propostas mais económicas”, conclui o responsável da Bel. Certo é que a taxa de inflação anual em Portugal “diminuiu pelo sextomês consecutivo, para 5,7%, em abril de 2023” (contra 7,4% emmarço). E que, por sua vez, o custo da alimentação “aumentou para 19,6% emmarço de 2023, face ao mesmo mês do ano anterior” (ainda que com tendência a abrandar face aos períodos anteriores), explica Yvan Mendes. Relativamente ao setor do queijo, “o mesmo está 32,3% acima do ano anterior” (acumulado do ano findo em abril 2023). Neste clima de instabilidade, é difícil fazer previsões quanto aos números de produção em 2023. O que se sabe é que “as operações da indústria serão particularmente dependentes da disponibilidade de matéria-prima e, muito especialmente, do custo da matéria-prima, isto é, do leite”, explica a diretora da ANIL. Na sua perspetiva, “o menor valor do preço de leite à produção, registado em vários países europeus, cuja tendência é para continuar a baixar, é o fator determinante para as crescentes importações de queijo com baixas cotações”. A avaliação do primeiro trimestre revela um abrandamento da produção de queijo, em termos nacionais: uma diminuição de 8,4% na produção de queijo de vaca, face ao trimestre homólogo, o que representa 1.370 toneladas a menos de queijo produzido. Maria Cândida Marramaque justifica esta redução “pela aparente existência de stocks ao nível da indústria nacional, gerados pelo menor poder aquisitivo por parte dos consumidores, mas também pela disponibilidade e valor do produto importado”. Há um maior volume de importações de queijo no trimestre (10,6%) face ao homólogo, num total de 17.00 toneladas, valor superior ao do volume que deixamos de produzir, de “valor atrativo”, diz. Tambémpara YvanMendes, “depois de vários anos comumcontextomacroeconómico e social voláteis, o ano de 2022 mostrou-se imprevisível emuito afetado pelo aumento da inflação”. Segundo o responsável da Bel, depois de meses consecutivos de crescimento contínuo domercado emvalor, o volume de vendas “começou a abrandar e a mostrar tendência negativa para o ano de 2023”. Maria Cândida Marramaque, diretora geral da ANIL.

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx