BI304 - O Instalador

17 CLIMATIZAÇÃO O risco de transmissão aérea do SARSCoV-2 é proporcional à concentração do vírus no ar, à taxa de inalação, e à duração da exposição, aumentando significativamente em espaços interiores – locais fechados onde passamos cerca de 90% do nosso tempo. Nesse sentido, era já expectável que o período de outono-inverno trouxesse motivos de preocupação. Temperaturas baixas, a maior prevalência de outras doenças respiratórias ou muito tempo passado no interior de espaços com pouca ventilação natural são alguns fatores que fazem desta época um período particularmente fértil para a transmissão da Covid-19. É por isso crucial implementar medidas de prevenção que quebrem eficazmente as cadeias de transmissão, nomeadamente avaliando e assegurando a qualidade do ar que respiramos nos ambientes interiores. Segundo a evidência científica existente à data, garantir as condições de ventilação adequadas em todos os ambientes interiores, particularmente os partilhados, é fundamental não só para fornecer ar "novo”, mas também para eliminar o ar exalado dos ocupantes que pode estar potencialmente contaminado. Deve ser assegurado o correto funcionamento dos sistemas de ventilação mecânica e a sua manutenção (caso existam), bem como a abertura de portas e janelas. No entanto, é importante considerar que as necessidades de ventilação variamde espaço para espaço. Por exemplo, uma janela aberta ou entreaberta de forma intermitente pode ser suficiente para arejar uma divisão da nossa casa, mas não uma sala de aula cheia de crianças, ou um bar/refeitório com elevada ocupação de pessoas semmáscara. COMO PODEMOS SABER SE AS CONDIÇÕES DE VENTILAÇÃO SÃO ADEQUADAS? Face a esta informação, a pergunta que se impõe é: como podemos saber se as condições de ventilação são adequadas? A verdade é que dependem de diversas variáveis como a taxa de ocupação do espaço, as atividades realizadas, as caraterísticas do edifício ou da sala, ou o estado do tempo no exterior, entre outros. A avaliação da ventilação em múltiplos edifícios requer conhecimentos técnicos, e a definição de medidas de correção é tipicamente multifatorial, devendo ter em conta aspetos como a natureza do edifício, o tipo de atividade, os equipamentos disponíveis, ocupantes, etc. De facto, ao contrário do distanciamento e das regras de higiene, os requisitos de ventilação e respetivas medidas corretivas não podem ser facilmente convertidos numa abordagem simples a que todos os edifícios devem obedecer. Contudo, o uso de sensores de CO2 é uma abordagem relativamente barata e objetiva que permite medir, indiretamente, as condições de ventilação de espaços com elevada taxa de ocupação. Embora não exista ainda total consenso quanto ao uso dos níveis de CO2 como indicador da concentração de aerossóis infeciosos, os benefícios do seu uso parecem superar, em muito, as limitações. Devido à capacidade de medir a qualidade do ar continuamente ao longo do tempo, no que respeita à acumulação do ar exalado, a utilidade dos sensores de CO2 está amplamente reconhecida pela comunidade técnico-científica. Facilita a adoção de medidas corretivas e a avaliação da Deve ser assegurado o correto funcionamento dos sistemas de ventilação mecânica e a sua manutenção (caso existam), bem como a abertura de portas e janelas REFERÊNCIAS 1. Fonseca Gabriel M, Paciência I, Felgueiras F, et al. Environmental quality in primary schools and related health effects in children. An overview of assessments conducted in the Northern Portugal. Energy Build. July 2021:111305. doi:10.1016/J.ENBUILD.2021.111305 sua efetividade no imediato, podendo contribuir para a segurança do uso dos ambientes interiores, e evitar intervenções mais dispendiosas. Segundo a comunidade científica, os níveis de CO2 devem, no contexto pandémico, manter-se abaixo de 800 partes por milhão (ppm). Um estudo realizado pelo INEGI, entre 2014 e 2015, demonstrou que os níveis de CO2 em 71 salas de aula (20 escolas primárias) da região do Porto, avaliadas no período de inverno, se encontravam muito acima deste valor (valor médio de CO2 obtido: 1419 ppm)1. Na sua generalidade, os resultados do estudo revelaram que um número substancial de escolas apresentava condições de ventilação deficitárias face à sua ocupação, o que pode constituir um fator de risco importante para a transmissão da Covid-19 nestes espaços. De facto, com base nos dados da DGS, a maioria dos surtos de Covid-19 em Portugal ocorrem em ambiente escolar. Com base na informação disponível, a procura de soluções deverá incluir medidas que considerem seriamente a melhoria da qualidade do ar nestes espaços. n

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