54 RENOVÁVEIS | FOTOVOLTAICO A promessa do Solar Flutuante Tanto pela localização geográfica privilegiada em termos de irradiação solar, quer pela visão estratégica de desenvolvimento do setor renovável incluída no Plano Nacional de Energia e Clima para 2030 (PNEC 2030), no qual se perspetiva, para 2030, 9 GW de capacidade fotovoltaica instalada, Portugal mostra-se, no panorama europeu, como um dos mercados mais promissores para o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica (PV). Susana Serôdio e Miguel Santos APREN Tradicionalmente, a tecnologia PV é implementada a nível terrestre, quer em centrais fotovoltaicas de grande dimensão, quer na instalação de painéis fotovoltaicos para autoconsumo. Porém, existe uma alternativa com excelentes perspetivas futuras: o solar flutuante. A implementação desta tecnologia passa pela instalação de centrais em superfícies de água, podendo ser em lagos, albufeiras de barragens e, caso as condições o permitam, emmares e oceanos. Assim, importa analisar algumas vantagens, que justificam a aposta nesta opção tecnológica: • Não há necessidade de ocupação de solo, algo que no futuro pode gerar discordância dada as caraterísticas, oportunidade e méritos de usos solo, bem como a conservação da biodiversidade, já que as centrais de larga escala ocupam áreas de grande dimensão; • Verifica-se um aumento da produção de energia entre 5 a 10%, de acordo com o estudo 'Design, evelopment and operation of floating olar photovoltaic systems', da consultora norueguesa DNV, visto que a água arrefece os painéis solares nos períodos de temperaturas altas, tornando-os mais eficientes; • A sombra que os painéis solares flutuantes produzem pode ajudar a reduzir a perda de água por evaporação, o que protegerá os recursos hídricos; • A superfície da água é relativamente aberta, o que pode efetivamente impedir a sombra de vegetação, montanhas ou outros elementos físicos, que se verificam em terra sobre os painéis; • As albufeiras de centrais hídricas, isoladamente, cobrem uma superfície de mais de 250 mil km2 em todo o mundo, o suficiente para hospedar capacidade solar flutuante capaz de produzir 2,5 vezes a eletricidade gerada por toda a capacidade hidroelétrica subjacente; • Introduzemflexibilidade operacional, pois permitem otimizar a utilização da injeção através de disponibilidade de um diagrama de carga mais ajustado, principalmente no verão, quando a afluência hídrica é menor, aumentando assim o fator de carga da instalação. Contudo, por se tratar de uma inovação, esta opção apresenta ainda barreiras, sendo necessário criar mecanismos que estimulem o desenvolvimento, de forma a gerar conhecimento e competências que ajudem a perceber melhor a sua potencialidade.
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