BI317 - O Instalador

49 REABILITAÇÃO URBANA Mas não basta as entidades oficiais simplificarem o processo – diga-se haver menos burocracia. A indústria também tem de estar informada e passar esses dados ao consumidor final. Que assim pode tomar decisões mais informadas. Mesmo porque, nestes casos (assim como em muitos outros), por vezes (demasiadas vezes) o barato sai caro. Ávila Sousa dá o exemplo do isolamento em lã mineral, que é fabricada em Portugal e é mais sustentável – mais valias que, segundo o executivo da Preceram, permitem ter um preço mais competitivo no mercado. Sendo que é ummaterial de maior qualidade e que permite uma maior eficácia. Sem esquecer que a lã mineral “tem um excelente desempenho tanto no verão como no inverno”, sendo também “resistente ao fogo” e contribuindo “para o conforto acústico”. E isto é importante porque uma parede tem de cumprir várias funções. A pensar nisto – no facto de pensar para além de apenas uma funcionalidade – a Preceram desenvolveu uma biblioteca de soluções para paredes exteriores já caraterizadas para o arquiteto ter uma fica técnica e perceber o que é que pode utilizar. “Simplifica a prescrição e simplifica, ao utilizador final, saber já não as propriedades do material A ou B, mas sim da solução do sistema construído”, constata. E quando mais cedo se pensar nisso melhor. porque émuitomelhor pensar numa solução integrada e eficiente do que trabalhar sobre algo que já está concluído ou em estado avançado de obra. Como explica Ávila Sousa, quando se trabalha sobre um edifício digital qualquer alteração custa zero – o que permite ensaiar e verificar até se chegar ao projeto final e só depois iniciar a construção. Um cenário que, acrescenta, abre a porta a uma construção mais industrializada, com partes do edifício a serem construídas em fábrica... O que “ joga” com outro tema. O da eficiência energética, ou “pobreza” dos edifícios. Classificação onde Portugal não alcança bons valores. Basta pensar na fatura da eletricidade que tipicamente sobe nos dias de maior calor/ frio. E é precisamente por isto mesmo que se deveria apostar (mais) na aplicação do isolamento. “Quando se faz a relação custo/beneficio da instalação do isolamento verifica-se que não gastamos muita energia para aquecer/ arrefecer”, refere, apontando que um estudo publicado há cerca de cinco anos indicava que todos os edifícios eram energia quase zero. “Porque ninguém ligava o aquecimento ou o arrefecimento”, explica, adiantando que não havia conforto dentro dos edifícios e que isso acontecia (acontece) porque as pessoas não tinham dinheiro para ligar os equipamentos (ou nem sequer havia equipamentos). Um estudo feito em 2020 – “Estratégia de longo prazo para a renovação dos edifícios de Portugal (ELPRE PT) – diz “preto no branco” o que muitos, como Ávila Sousa, já diziam há muito tempo: que a aposta no isolamento - ou seja, o conforto dentro de casa – não significa apenas poupança no custo energético. “É menos dias de baixa por doença e maior produtividade no trabalho porque não estamos todos encolhidos (incluindo nas escolas, hospitais, lares de idosos...)”, aponta o executivo da Preceram, que acrescenta que o conforto não significa apenas andar de t-shirt dentro de casa. “É quase sobrevivência. É aquele limiar entre termos doença ou uma vida saudável”. Mesmo porque está diretamente relacionado com a qualidade do ar interior. n

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