OPINIÃO 44 * Especialista Sénior emSustentabilidade (Gestão de Resíduos e Ambiente) -Doutoranda em Engenharia do Ambiente no IST (investigadora na área do amianto) -Fundadora e Presidente da SOS AMIANTO - Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amianto -Autora do livro “Não Há Planeta B: Dicas e Truques para um Ambiente Sustentável” -Conselheira do CES - Conselho Económico e Social, pela CPADA, em representação das Associações Nacionais de Defesa do Ambiente Importa ainda considerar que existem outras tipologias de resíduos não abrangidos na classificação de resíduos hospitalares que requerem uma especificidade na sua gestão, dado que alguns destes possuem perigosidade. O Plano Estratégico dos Resíduos hospitalares 2011-2016 já identificava esta necessidade, que aliada à evolução da legislação nacional sobre resíduos e às metas definidas, coloca o Despacho atualmente em vigor na gaveta dos “diplomas obsoletos”, longe dos princípios da sustentabilidade, economia circular oumesmo dos ODS – Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. Num hospital nós temos uma diversidade de resíduos tão diferentes como os equipamentos elétricos e eletrónicos, pilhas e acumuladores, óleos alimentares usados, óleos minerais, biorresíduos, embalagens e resíduos de embalagens, amálgamas dentárias, consumíveis informáticos, produtos químicos rejeitados, monstros e móveis, e depois temos os resíduos provenientes da atividade de prestação dos cuidados de saúde. Dentro destes últimos temos materiais que, se for assegurada a correta separação e garantida que não existe qualquer tipo de contaminação, são passíveis de valorizar ou reciclar, mas isso não acontece apenas porque, como é exigido o cumprimento legal, são encaminhados para autoclavagem e deposição em aterro. Vejamos os seguintes casos: • Resíduos provenientes de unidades de hemodiálise; • Resíduos provenientes de blocos operatórios; • Resíduos provenientes de salas de tratamento; • Material utilizado em diálise; • Sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos. É tempo de questionar: • Quando analisamos estes exemplos temos noção do que é realmente utilizado nestas situações e em que circunstâncias? • Foi definido uma avaliação de risco com base na situação atual? • Em que fase há a contaminação? Estas são algumas das perguntas que devemos colocar sobre a mesa para repensar a legislação dos resíduos hospitalares em Portugal e equacionar uma revisão e atualização do diploma. Este sim, requer especial atenção, mais do que alguns tipos de resíduos que encontramos nos hospitais portugueses. n
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