55 EDIFÍCIOS acontecer, brinca Rui Abreu, é no futuro “andarmos a escavar os aterros para ir buscar o alumínio que lá se encontra”. No processo de reciclagem e aproveitamento a indústria está mais avançada. Seja por controlo de custos ou porque a fiscalização – em termos ambientais – que lhe é feita obriga a dar destinos aos resíduos que produzem. “Não há indústria no país que pegue numquilo de alumínio e o deite fora”, afirma convicto Rui Abreu, que aponta que a indústria do alumínio soube manter o círculo, valorizando e tornando atrativa toda a recolha e toda a separação da sucata. VANTAGENS DO ALUMÍNIO RECICLADO A grande vantagem do alumínio, face aos outros materiais, explica o presidente da APAL, é que é preciso menos energia “na hora de reciclar” para fazer novo alumínio. Para termos uma ideia “são necessários 14 quilowatts/hora para produzir uma tonelada de alumínio”, enquanto para produzir a mesma quantidade de alumínio reciclado apenas é preciso 1 quilowatt/hora. E em termos de produção de CO2? “A China, que tem a base da produção do alumínio usando o carvão – o que significa que para fazer um quilo de alumínio liberta 20 kgs de CO2”, aponta Rui Abreu, que esclarece que a média mundial ronda os 17 kgs. Já a Europa é “muito consciente e tenta encontrar alumínio com uma menor pegada de CO2”. A prova é que “segundo as estatísticas na União Europeia o metal que importamos tem uma pegada de 10”. Isto significa, explica Rui Abreu, que a Europa já tenta ir buscar (a matéria- -prima, diga-se o alumínio) aos sítios mais próximos possível. Há um outro dado interessante. A maioria do alumínio produzido na UE usa, na sua produção, energias renováveis. “A Islândia usa a energia geotérmica”, exemplifica o presidente da APAL, que acrescenta que àmedida que a adesão às energias renováveis aumenta diminuem os valores de CO2 associados à produção do alumínio. A Islândia é um bom exemplo. Ao utilizar, a 100%, a energia geotérmica, o único CO2 que produz está associado ao transporte. O recurso às energias renováveis permite que a média europeia baixe para os 6,7 (kgs de CO2). “Omais interessante é que a reciclagem consome 0,5 quilos de CO2 por cada quilo de alumínio produzido”, constata Rui Abreu, que acrescenta que a sustentabilidade da economia está no controle da energia. “Se produzirmos as mesmas coisas com menos energia estamos a ser mais sustentáveis do que no dia anterior”, aponta. Os números são muito positivos, mas há ainda que diminuir de 0,5 para zero. E aí, afirma Rui Abreu, os governos não estão a ir com a mesma velocidade da indústria. “A legislação não está a seguir a mesma velocidade do movimento”, refere o presidente da APAL, que revela que já se estão a fazer testes no sentido de substituir, nos fornos, o gás natural por hidrogénio (verde). Conseguindo isso “o 0,5 desaparece completamente”. O problema do hidrogénio é que “ainda não está controlado”. Isto significa que ainda não há legislação sobre como se deve fazer o armazenamento, o transporte... ALUMÍNIO COM CICLO DE VIDA 100% O alumínio é dos poucos materiais (se não o único) que não só é 100% reciclável como não perde as suas características ao longo do tempo, por mais vezes que seja reciclado. São vários os estágios de transformação que o ciclo de vida do produto do alumínio apresenta através da reciclagem desde a sucata ao produto final. O desenvolvimento do ciclo de vida totalmente fechado em Portugal permite às empresas do setor da construção avaliar o impacto ambiental dos produtos durante toda a sua vida útil e do seu investimento, desde a matéria-prima até à fase final. As características do alumínio como material circular e permanente capaz de ser reciclado sem perder as suas propriedades originais tornam-no um recurso vital para uma economia circular e neutra para o ambiente, tornando-se no material do futuro para os setores da construção. n
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