73 DOSSIER AUTOCONSUMO A transição energética é um jogo longo. E embora esse jogo ainda só tenha começado, não restammuitas dúvidas de que o solar fotovoltaico é, até ver, a grande estrela do lado das energias renováveis no roteiro para a descarbonização. E na base do sucesso do solar está, em certo sentido, o facto de ser a mais madura das green techs. Das grandes centrais solares fotovoltaicas nas zonas rurais às pequenas instalações nos telhados das nossas casas na malha urbana, o solar é responsável por uma descentralização semprecedentes do sistema, enquanto reinventou a relação do cidadão com a energia. Graças ao autoconsumo, qualquer pessoa pode agora ter um papel ativo e independente na produção de eletricidade, até aqui um domínio exclusivo das utilities. É evidente que o paradigma de geração de energiamudou. Não surpreende que, por todo o lado os painéis fotovoltaicos sejam uma presença cada vez mais habitual no nosso dia a dia, permitindo que os Estados cumpram as suas metas ambientais, que as famílias poupem dinheiro e que as empresas abracema jornada de sustentabilidade. Antes de colocar o foco na produção descentralizada, e compreender as causas do seu sucesso, é importante ler as tendências macro que refletem o lugar proeminente desta energia renovável no novo sistema energético mundial. No Renewables Market Update de 2023 da Agência Internacional de Energia (IEA) lê-se que teremos em 2023 o maior crescimento de sempre das energias limpas. Dois terços dos novos 440 GW de capacidade renovável adicionada ao sistema energético global terão origem no solar fotovoltaico. Mais surpreendentes são os dados que encontramos no IEA Investment Report: em 2023 há mais capital a fluir para investimentos em solar do que para o oil & gas. Ou dito de outra forma: a produção de eletricidade solar fotovoltaica atrai mais de mil milhões de dólares de investimentos por dia. Evidentemente, não podemos isolar estes indicadores de uma realidade emque 80% da energia que o mundo consome ainda é fóssil – e vai continuar a ser durante algum tempo. Todavia, eles validam a aposta estratégica de diversificação energética feita por empresas como a Galp, que até há bem pouco tempo tinham o seu negócio principal no oil & gas. Com 1.4 GWde capacidade operacional, a Galp é já hoje um dos principais produtores de energia solar na Península Ibérica e o seu mix energético vem refletindo um peso crescente das renováveis.
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