BI320 - O Instalador

98 DOSSIER RENOVÁVEIS: ENERGIA EÓLICA Os desafios do novo Plano Nacional de Energia e Clima Apenas uma perspetiva integrada do sistema energético, em termos de necessidade de flexibilidade, segurança de abastecimento e previsão de consumo, pode assegurar um planeamento de rede que otimize a sua utilização em paralelo com a necessidade de expansão da mesma. Susana Serôdio (APREN) Pouco depois de ser aprovado, em julho de 2020, sabia-se já que o primeiro Plano de Energia de Clima 2030 (PNEC 2030), seria insuficiente para responder aos desafios que se impunham dada a rápida viragem do contexto geopolítico, económico, ambiental e social. A Europa reconhece que existe uma emergência climática ainda em 2019, após a publicação do relatório especial do IPCC sobre os impactos do aquecimento global de 1,5°C. Em resposta, publica o Fit-for-55, pacote de propostas legislativas, para introduzir mecanismos que permitissem a redução de pelo menos 55% das emissões de gases de efeito estufa em balanço até 2030, em vez de 47%, meta à qual os PNECs dos EstadosMembros vinham dar resposta. Já neste contexto, a crise pandémica do COVID-19 trouxe consigo uma regressão económica mundial, que obrigou a Europa a colocar em marcha um plano de recuperação para relançar as atividades económicas dos EstadosMembros. Apostava simultaneamente em áreas estratégicas para tornar a Europa mais resiliente, nomeadamente através da transição energética. Por último, a invasão da Ucrânia pela Rússia obriga a Europa a repensar a sua estratégia para a energia. Assim, surge o REPowerEU que vem priorizar a transição energética através das energias renováveis, reduzindo a exposição do mercado europeu às perturbações externas, ao mesmo tempo que define uma estratégia industrial para assegurar crescimento económico e competitividade mundial. Assim, com o panorama mundial alterado, também a política mudou, passando a ter uma ação principalmente preditiva. Por isso, era claro que a revisão programada para junho de 2023 do PNEC 2030 iria requerer uma alteração profunda das metas propostas inicialmente, e que os esforços adicionais levantariam várias questões sobre a capacidade de resposta e fragilidades existentes, visto serem já hoje obstáculos ao processo de descarbonização. A nova versão do plano aumenta a meta de incorporação de fontes de energia renovável no consumo final bruto de 47% para 49%. Um pequeno ajuste, numa primeira análise, mas que, na verdade, exige que a quota setorial na eletricidade suba de 80% para 90% (incluindo o consumo de eletricidade

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