BI322 - O Instalador

73 DESCARBONIZAÇÃO AVAC todas as condicionantes adjacentes. Nessa situação as bombas de calor continuam a ser uma boa solução? A resposta de Vítor Gregório é clara: depende do produto. “Mesmo dentro das bombas de calor de aerotermia existem capacidades diferentes, combinações diferentes entre unidades exteriores e unidades interiores e, tamanhos para dimensões diferentes”, explica, acrescentando que é mais fácil num projeto novo (de uma vivenda ou de um edifício) projetar uma bomba de calor do que readaptar um edifício já existente, devido às limitações de espaço para a colocação de uma bomba de calor. Algo que não é, para a Bosch, um impedimento, dado que, segundo o executivo, a empresa tem como objetivo ter soluções que permitam a transformação não só em edifícios novos, como também para a grande maioria dos edifícios onde hoje existe uma solução de combustão e onde o consumidor e o código vigente aconselhem uma solução elétrica. Convém ter a noção de que a bomba de calor não é a única a solução elétrica para um edifício existente. No caso do sul da Europa, em que as necessidades incidem mais no arrefecimento dos espaços, os ares condicionados – que são uma bomba de calor ar-ar – são, segundo Vítor Gregório, uma solução mais rápida e mais fácil de instalar em edifícios existentes. Basta olhar para as fachadas dos edifícios. Como aponta o executivo da Bosch, hoje vê-se muitos mais compressores de ar condicionado que há 10 anos. POBREZA ENERGÉTICA DOS EDIFÍCIOS Acontece que Portugal sofre de um outro problema. A par da necessidade de arrefecimento dos espaços – algo que hoje, com as alterações climáticas, é mais visível – há a questão do aquecimento. Portugal tem um elevado índice de pobreza energética dos edifícios, o que provoca, todos os anos, diversas vítimas mortais. Aqui, afirma categoricamente, Vítor Gregório, a bomba de calor de aerotermia é o ideal. No decorrer do investimento anunciado pela empresa nas instalações de Aveiro, o executivo acredita que a Bosch irá criar soluções para ambientes mais pequenos, onde hoje há uma solução, por exemplo, uma caldeira ou um radiador, e adaptar a uma bomba de calor. Infelizmente “não há uma solução que dê para todos”. E precisamente por isso “o papel do instalador será fundamental”. Porque, apesar de o consumidor hoje esteja mais informado sobre este tipo de produtos, o instalador tem um papel fundamental porque é ele que vai recomendar o tipo de solução que é adequada e que pode ser instalada dentro das condições do edifício. Questionado sobre se, a longo prazo, poderemos assistir a uma substituição do ar condicionado pelas bombas de calor (no caso de habitações de menor dimensão), a resposta foi cautelosa. “Se o ar condicionado tem a dupla função frio e calor; sim. Se o ar condicionado está instalado unicamente ou principalmente para frio, eu acredito que essa ainda vai ser a solução indicada”, aponta, explicando que é mais fácil de instalar, pode ter aplicações em diferentes ambientes da casa e é mais fácil ter um frio imediato num ambiente individual. “Se for para aquecimento acredito que à medida que haja a evolução – e espero que os preços sejam mais competitivos – acredito que a bomba de calor ganhe terreno em relação ao ar-condicionado”. A Comissão Europeia definiu metas para a eficiência energética dos edifícios que vão obrigar a grandes volumes de obras de reabilitação. Mas, a questão que se prende, lembra Vítor Gregório, é como é que esse processo de transformação energética e de reabilitação vai ser efetuado. Uma pergunta para a qual ainda não há resposta. Há edifícios antigos, seculares, que se quer preservar. Pelo que, refere o executivo da Bosch, há que encontrar uma solução idóneo, do ponto de vista arquitetónico e idílico, mas, que permita esse conforto e essa eficiência energética. IBERA VERUS EUROPA “Acho que Portugal e Espanha comparados com os mercados do centro ou sul da Europa estão, talvez, um estágio um pouco atrás no processo de eletrificação”, constata Vítor Gregório, explicando que isto acontece porque são países em que a dependência através do aquecimento é menor do que no centro da Europa. A França, por exemplo, é um país que já estava eletrificado, dado possuir recursos energéticos através das suas centrais nucleares (desde a década de 70). Já no caso da Itália, nos últimos anos, “houve incentivos fiscais muito grandes para acelerar o processo de eletrificação”. Quanto a Portugal e Espanha o executivo da Bosch acredita que o processo – no que concerne a bombas de calor de aerotermia – não está tão avançado, mas na eletrificação como um todo já é claro que os mercados de combustão estão em crescimento e a eletrificação de ar-condicionado, bomba de calor de água quente e bomba de calor de aerotermia estão já franca expansão. “A península ibérica vai chegar lá. É uma questão de tempo.” n A bomba de calor é o produto com mais alta eficiência energética que existe no mercado

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