68 DOSSIER SMART CITIES deste recurso. Três aspetos essenciais para esse efeito: Em primeiro lugar, é essencial que existam infraestruturas adequadas e sem fugas, que garantam que tudo o que entra no sistema chegue ao seu devido ponto de destino. Em segundo lugar, o uso de água potável deve ser limitado ao essencial. Atualmente, usamos muito frequentemente água potável para a limpeza da via pública, na limpeza de veículos ou para abastecer as instalações sanitárias. Uma maior eficiência na gestão da água exige que se adeque o tipo de recurso ao fim visado. Por último, é reconhecido que o impacto das alterações climáticas se reflete, entre outros aspetos, no aumento de fenómenos meteorológicos extremos. Assim, cada vez mais, passamos, repentinamente, de períodos caraterizados por seca para períodos de acentuada precipitação. As smart cities têm de estar preparadas para dar resposta a esta situação, assegurando a existência de robustos sistemas de drenagem, áreas de retenção e de infiltração, e a adequada configuração das vias públicas e da edificação, permitindo o escoamento de águas. 6) Agricultura Urbana Com a globalização, vários países europeus passaram a assentar a sua estratégia alimentar na importação de produtos do outro lado do mundo. Este modelo não só não é sustentável como não permite assegurar a estabilidade de preços e do abastecimento. As Hortas Urbanas têm surgido em algumas cidades europeias como um instrumento de redução da importação alimentar (e em Portugal tiveram no Prof. Gonçalo Ribeiro Telles um notável promotor). Algumas das suas vantagens: (i) Incentivam o comércio alimentar de proximidade, evitando todas as externalidades negativas ligados ao transporte; (ii) São espaços verdes, que contribuem para a captação de dióxido de carbono; (iii) Permitem a criação de novos empregos; (iv) Desempenham um papel educacional no setor primário, transversal às diferentes faixas etárias; e (v) Incentivam o contacto com a natureza, consubstanciando uma experiência social cada vez mais procurada nos meios urbanos. A peça essencial das smart cities é o ser humano; portanto, este tem de ser o polo central. As cidades devem ser feitas para a vida e mobilidade das pessoas, não para os carros. Por outro lado, a construção das cidades não pode ser feita de olhos vendados, que responda apenas às necessidades, de curto prazo, de alguns, em detrimento do bem-estar de todos e, em especial, das gerações futuras, que vão herdar as smart cities do presente. A construção das smart cities exige a implementação de smart policies! n
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