92 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Os edifícios em construção convencional em alvenaria e betão, alcançam facilmente valores de inercia térmica elevados, algo que é favorecido pelo Regulamento. Contudo a evolução para outros materiais, como a madeira acima referida, produz edifícios com uma massa muito inferior e, portanto, edifícios que, de seu natural, podem cair na categoria da inercia fraca. Contudo têm um comportamento térmico em geral muito bom, até bem superior, mesmo na actual formulação do Regulamento. Mas só até um certo ponto, como queremos sublinhar. Isto porque é fácil um edifico em madeira possuir um Nvc que exceda o correspondente Nv, algo que o Regulamento não permite. Contudo poderá ter um Nic bastante mais baixo que o correspondente Ni e, no cálculo total, para o seu Ntc, aparecer com um valor final bom. Este, aliás, é que deveria ser o resultado premiado pelo Regulamento. Tanto mais que as definições que estabelece (para os seus casos limites) não tiveram em conta algo que está para lá da massa térmica, uma abordagem mais fina que considere a baixíssima condutibilidade térmica da madeira (por comparação com a dos materiais convencionais) e a espessura desta responsável pelo tempo de propagação das ondas térmicas. Por outro lado, menos inercia térmica permite aos edifícios ter uma resposta muito mais rápida aos sistemas de aquecimento e produção de frio (bombas de calor) que hoje se propõem. Esta evolução da tecnologia e dos rendimentos dos cidadãos permite encarar esta questão de outra forma. Os equipamentos de rendimentos elevadíssimos (bombas de calor, recuperadores, etc.) e as renováveis de baixo custo, conduzem a que aquecer e arrefecer de forma activa sejam opções que estarão cada vez mais ao alcance da bolsa de todos e que são prejudicadas pela necessidade de aquecer (ou arrefecer) de cada vez, grandes massas associadas à inercia térmica, quando o que se pretende é apenas obter as condições de conforto do ar ambiente… Ora, mais energia corresponde a mais emissões, o quer se quer evitar…! Acresce que a combinação com a energia solar ajuda a resolver também este problema de forma clara. O sistema solar fornece, números redondos, aproximadamente o dobro da energia no Verão do que no Inverno, permitindo colocar os equipamentos de produção de frio e ventilação a funcionar e resolver o eventual problema de sobre-aquecimento. Até sem recurso a energia da rede, porque há tanto mais calor quanto mais sol estiver a brilhar! Isto são subtilezas muito importantes a que o Regulamento não atende. Está na hora de corrigir estas limitações, considerando uma menor penalização da inercia fraca (quando isso se justificar) e através da eliminação dos limites parciais, definindo-os sobretudo em função do parâmetro Ntc, sem preocupação com o valor das parcelas que intervêm na correspondente soma. 3. CONCLUSÃO Em conclusão: o REH é, por definição, um “work in progress”. Com esta nota pretendemos chamar a atenção para alguns aspectos que entendemos serem relevantes na sua evolução, clarificando o tema para construtores e promotores e tornando a sua aplicação, para lá da disciplina que introduz na sustentabilidade do sector, numa ferramenta mais útil para todos os actores que nele intervêm. Incluindo a facilitação do cumprimento do próprio programa ELPRE (ADENE)8 que encara a evolução do sector por forma a fazer face às grandes exigências do PNEC e do RTC, primeiro até 2030 e, depois, até 2050.
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