ENTREVISTA 23 Num mercado AVAC cada vez mais competitivo, onde a diferenciação é crucial, o que distingue a abordagem da Trane no contexto português? Contrariamente ao que o mercado afirma, o setor do AVAC representa apenas uma pequena parte do nosso negócio. Somos muito mais solicitados na indústria, onde o cliente valoriza outras valências. Não somos uma empresa orientada para o preço — e o AVAC é, essencialmente, um negócio de preço. Especificamente, a Trane é a empresa com o maior número de técnicos próprios, e é aí que se faz a verdadeira diferença na indústria. O setor tem vivido sob pressão devido ao aumento dos custos energéticos e à instabilidade internacional. Que reflexos concretos estas circunstâncias têm tido na atividade da Trane em Portugal? A nossa intervenção no mercado é fortemente orientada para a eficiência. A descarbonização é um bom exemplo disso: a indústria procura reduzir os custos energéticos, e os clientes estão cada vez mais focados na eficiência — o que não se resume apenas a equipamentos mais eficientes, mas também a centrais mais eficientes. É precisamente nesse ponto que entra a nossa equipa especializada (TBA), composta por profissionais com competências em diversas áreas, como o controlo e a hidráulica. Esta conjuntura tem levado os clientes a acelerar decisões de investimento em soluções mais eficientes? Notam uma maior sensibilidade em relação à eficiência energética? Tal como referi, a indústria, sim, tem preocupações energéticas — esses clientes investem efetivamente na poupança e avançam quase sempre para soluções eficientes. Já o setor do AVAC procura eficiência... até ao momento em que descobre que a unidade ou o sistema mais eficiente é mais caro. Nessa altura, a escolha normalmente já não recai na eficiência. Raramente se investe na melhoria das centrais; o foco recai quase sempre na substituição de equipamentos antigos — que, regra geral, são menos eficientes — sem recorrer, necessariamente, à solução mais eficiente disponível no momento. Em setores críticos como os centros de dados, a fiabilidade é essencial. De que forma a Trane tem ajudado estes clientes a garantir operações resilientes mesmo em cenários adversos? No caso dos data centers, a Trane desenvolveu unidades específicas para esse fim. Estas unidades estão equipadas com vários níveis de redundância e sistemas de segurança que asseguram o máximo de fiabilidade. A diferença está nos clientes que compreendem que, para este tipo de aplicação, é essencial investir em unidades adequadas, com opções específicas, e garantir serviços de assistência que muitos fabricantes — sem foco na assistência técnica — não conseguem assegurar. A descarbonização dos edifícios é uma prioridade a nível europeu. Quais as soluções no vosso portefólio que mais têm contribuído para esse objetivo? A Trane investiu fortemente na descarbonização, é um dos mercados onde temos registado maior crescimento. Neste momento, dispomos de unidades que podem atingir os 130 °C de temperatura. Mais uma vez, falamos do setor industrial, no qual somos líderes de vendas com a nossa gama de bombas de calor de muito alta temperatura. Considerando que os edifícios continuam a representar uma grande fatia do consumo energético, como é que a Trane está a ajudar os seus parceiros a reduzir essa pegada? A Trane empenha-se em fornecer eficiência, controlar as centrais e garantir, ao longo do tempo, que os equipamentos operam sempre nos níveis máximos de desempenho. O objetivo é disponibilizar uma cadeia completa de serviços que mantenham as centrais consistentemente eficientes. A inovação tem sido um dos pilares da Trane ao longo da sua história. Que tecnologias ou soluções recentes já estão implementadas em projetos em Portugal? A monitorização remota já é uma realidade e temos inúmeros clientes ligados remotamente à Trane, embora ainda exista um longo caminho a percorrer junto de alguns que não compreendem totalmente o potencial de poupança associado a esta solução, uma perceção que, no entanto, está a mudar com a nova geração que começa agora a assumir funções de decisão.
RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx