BI339 - O Instalador

46 DOSSIER ELETRICIDADE poderia ajudar a acelerar todo o processo, nomeadamente a seleção das medidas a implementar. Por outro lado, através de práticas de monitorização será possível avaliar não só a eficácia das medidas propostas, como o potencial a médio/longo termo para a geração de um balanço positivo no ambiente local. O PROJETO BIOIMPACTE+ É neste contexto que surge o projeto BioImpacte+, promovido pela APREN em parceria com a consultora ecológica Bioinsight. A iniciativa pretende reforçar os aspetos positivos das centrais solares fotovoltaicas no território, demonstrando que, quando bem planeadas e geridas, estas infraestruturas podem contribuir de forma ativa para a preservação e regeneração da biodiversidade, com relativo potencial de geração de valor social e económico local. O projeto procura dar visibilidade às práticas que já hoje são adotadas por alguns promotores e que, muitas vezes, passam despercebidas no debate público. São exemplos destas soluções o pastoreio de ovelhas, a instalação de colmeias, a manutenção e reforço de habitats para fauna autóctone, ou ainda a revegetação com espécies endógenas para controlar a erosão e potenciar corredores ecológicos. Estas práticas, além de contribuírem para a sustentabilidade ambiental, reforçam o enraizamento territorial dos projetos, reduzindo tensões e promovendo um sentimento de orgulho local. O projeto desenvolve-se em duas fases. Numa primeira etapa, pretende-se realizar sessões colaborativas com atores locais, incluindo autarcas, técnicos municipais, produtores agrícolas, gestores de centrais, representantes da sociedade civil e especialistas em conservação. Estas sessões terão lugar em concelhos com presença de centrais solares – a primeira em Monforte, na central de Santas – e visam dar a conhecer as boas práticas, discutir as preocupações dos intervenientes locais, e avaliar perceções sobre o impacto do projeto na biodiversidade, solos, comunidade, entre outros. A segunda fase do BioImpacte+ consiste na consolidação do conhecimento recolhido, que permitirá estruturar um modelo-base de central solar “positiva para a biodiversidade”, com orientações replicáveis para futuros projetos. Este modelo valoriza não só a componente ecológica, mas também a participação ativa das comunidades locais, promovendo sinergias entre os pilares do desenvolvimento sustentável: ambiental, económico e social. RESERVAS SOLARES: UMA NOVA VISÃO PARA O TERRITÓRIO A ideia de transformar centrais em reservas solares fotovoltaicas não é apenas uma metáfora inspiradora — é uma proposta concreta de reenquadramento do papel destas infraestruturas no território. Mais do que espaços “ocupados”, as centrais podem tornar-se catalisadores de regeneração ecológica, de inovação agrícola sustentável e de coesão comunitária. O BioImpacte+ oferece uma perspetiva prática e aplicada desta visão, baseada no diálogo, na ciência ecológica e na partilha de valor. Ao integrar biodiversidade e participação social no planeamento energético, ajuda a transformar o paradigma: de centrais solares que apenas produzem eletricidade, para infraestruturas vivas, com múltiplas funções e benefícios para o território. n

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