71 DOSSIER SMART CITIES Isabel Azevedo, Diretora da Unidade de Energia no INEGI; Mafalda Silva, Investigadora sénior no INEGI e coordenadora técnico-científica da Etiqueta Energética das Cidades As cidades são por excelência os locais onde as pessoas vivem, trabalham, onde estão localizadas as principais atividades económicas e estruturas socias. Num mundo cada vez mais urbanizado, torna-se de extrema importância reforçar a eficiência e a sustentabilidade energética das cidades através de mecanismos e políticas adequados e eficazes. Neste contexto, o conceito de smart city surge como uma solução integradora, capaz de conjugar tecnologia, inovação e sustentabilidade. Como sublinha Isabel Azevedo, “As cidades são a escala natural para a implementação de soluções de transição energética, porque é nelas que se concentram tanto os problemas como as oportunidades”. Nos últimos anos, o conceito de smart city evoluiu de uma abordagem centrada apenas na digitalização de serviços urbanos para um paradigma mais abrangente, que integra objetivos de neutralidade carbónica, resiliência climática e participação ativa dos cidadãos. Reflexo disso é a EU Mission on Climate-Neutral and Smart Cities que pretende apoiar um conjunto de cidades a tornarem-se neutras em carbono até 2030, testando abordagens intersetoriais e novos modelos de governança que privilegiam a co-criação com stakeholders locais e com os cidadãos. Em Portugal, várias autarquias têm vindo a assumir compromissos claros neste caminho, alinhando-se com as metas europeias e nacionais de mitigação das alterações climáticas. No âmbito da Agenda Aliança para a Transição Energética (ATE), financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência nacional, o INEGI está envolvido em dois projetos que pretendem apoiar os municípios no cumprimento dos compromissos de neutralidade carbónica, com recurso a uma camada de digitalização e inovação. UMA PLATAFORMA PARA A GESTÃO INTELIGENTE DE ENERGIA DOS MUNICÍPIOS Um dos projetos é a Plataforma de Otimização de Energia Municipal, liderado pela BrightCity. O seu objetivo é apoiar os municípios na gestão eficiente de energia, integrando num único interface diferentes funcionalidades como gestão de iluminação pública, mobilidade, e gestão de energia dos edifícios municipais. O contributo do INEGI é focado no desenvolvimento das funcionalidades associadas à gestão de consumo e produção de energia dos edifícios municipais, tendo como objetivo oferecer uma visão integrada sobre consumos, qualidade do ar interior e microgeração renovável. Na vertente de monitorização do consumo de energia em edifícios municipais, o objetivo da plataforma será mitigar ineficiências, reduzir o consumo de energia e melhorar a sustentabilidade dos edifícios sob gestão municipal. Nesse sentido, a plataforma irá permitir a monitorização continuada da energia utilizada nos edifícios públicos, como o edifício da Câmara Municipal, bibliotecas, escolas e piscinas, de forma agregada e por edifício. Os dados de consumo são analisados com recurso a algoritmos de inteligência artificial, desenvolvidos no âmbito do projeto, que permitem identificar padrões de consumo por edifício. Estes algoritmos permitem a criação de modelos preditivos do consumo para a semana seguinte, e a identificação de anomalias na utilização de energia (com a criação de alarmística dedicada). A informação obtida facilita a identificação de ineficiências e orienta intervenções direcionadas para a melhoria do desempenho. Isabel Azevedo, diretora da Unidade de Energia no INEGI. “As cidades são a escala natural para a implementação de soluções de transição energética, porque é nelas que se concentram tanto os problemas como as oportunidades”
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