8 Bosch e Universidade de Aveiro apresentam soluções inovadoras da Agenda ILLIANCE A Bosch, a Universidade de Aveiro (UA) e os parceiros da Agenda Mobilizadora ILLIANCE, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), realizaram uma sessão pública de apresentação dos resultados alcançados e das tecnologias desenvolvidas até à data no âmbito deste projeto, que pretende revolucionar o setor dos edifícios e da transição energética, através do lançamento de 77 novos produtos, cujo um potencial de vendas se prevê superior a 300 milhões de euros. Num evento que contou com um debate subordinado ao tema “Impulsionar a Competitividade e a Resiliência Económica através de I&D e Inovação: O Papel Estratégico das Agendas Mobilizadoras do PRR”, esta sessão serviu para mostrar aquilo que empresas, centros de investigação e instituições académicas desenvolveram ao longo do último ano a nível de novas tecnologias, soluções digitais, produtos e processos para construir um futuro mais inteligente, sustentável e centrado nas pessoas. Um evento “transformador”, para vários dos oradores, que mostrou a “clara vantagem da relação entre instituições de ensino superior, empresas e entidades públicas, que se quer cada vez mais próxima”, palavras de João Veloso, Vice-reitor da Universidade de Aveiro (UA). EDITORIAL O setor da energia e das instalações técnicas vive, há vários anos, um período de transição. Dados da Comissão Europeia indicam que os edifícios consomem 40 % da energia e geram mais de um terço das emissões de gases com efeito de estufa. A maioria foi construída antes de 2000 e necessita de renovação. A nova Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios, que entrará em vigor até 2026, define metas claras: reduzir consumos, cortar emissões e modernizar o parque edificado europeu até 2050. Em Portugal, esta mudança já se faz sentir. Dados da REN e da APREN mostram que as energias renováveis abasteceram 71 % do consumo elétrico nacional em 2024. Ainda assim, persistem desigualdades. Segundo o Eurostat, mais de 20% dos portugueses vivem em situação de pobreza energética. A eficiência é hoje uma questão social e económica que exige soluções conjuntas. E as cidades são o principal campo de ação: de acordo com a Agência Internacional da Energia, concentram mais de 70% das emissões de gases com efeito de estufa e reúnem também o maior potencial de transformação. Como sublinha Isabel Azevedo, diretora da Unidade de Energia do INEGI, “as cidades são a escala natural para a implementação de soluções de transição energética, porque é nelas que se concentram tanto os problemas como as oportunidades.” O INEGI está a desenvolver a Plataforma de Otimização de Energia Municipal, que permite gerir consumos e monitorizar edifícios públicos com recurso a inteligência artificial, e a Etiqueta Energética das Cidades, que avalia o desempenho energético e ambiental urbano. Como acrescenta Mafalda Silva, investigadora sénior do instituto, “falta criar mecanismos que apontem direções concretas de melhoria nas cidades. As etiquetas de desempenho energético têm tido um papel fundamental na promoção da eficiência noutros contextos — é urgente transportá-las para os sistemas urbanos.” Também o setor privado mostra como a inovação pode criar valor real. A Trane é exemplo disso com o projeto desenvolvido para a Infomaniak, em Genebra. Num data center de elevada exigência energética, duas bombas de calor captam o calor gerado pelos servidores e reaproveitam-no integralmente. A energia, antes desperdiçada, é agora usada para aquecer 6.000 habitações, evitando a emissão de 3.600 toneladas de CO₂ por ano — um caso de economia circular e eficiência aplicada. O desafio está lançado: unir tecnologia, regulação e cooperação para acelerar a descarbonização e gerar valor económico. A transição energética já não é uma meta — é uma oportunidade real de crescimento e liderança. AVAC, Aquecimento e Smart Cities: regulamentos, desafios e oportunidades de futuro
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